martedì 1 marzo 2011

Eleição, Ensino e Educação

Escolha, no sentido denotativo, é o ato ou efeito de se escolher ou de se manifestar a preferência por alguém ou por algo que se encontra em meio a tantas outras apresentadas. É a forma que se tem de optar entre duas situações e, portanto, mostrar aquela que é de sua predileção. É no ato de eleger que se exerce a verdadeira capacidade que se tem de escolher bem e com discernimento. No sentido conotativo, a escolha pode ser apenas aquela sobra, aquele resto desprezível dos produtos agrícolas, por exemplo, como no caso de cereais. O refugo ou rebotalho.

Nas provas com opções de múltipla escolha, pode prestar atenção, entre as cinco respostas possíveis, sempre sobram duas possibilidades. Mas apenas uma é a resposta correta. Às vezes, como nas eleições de segundo turno, nós acabamos optando pela escolha e jogamos fora a possibilidade de acertar e escolher a opção correta.
Ensino e educação. Outro dia, um dos meus alunos, ou aluna de Ciências Humana, na Fanor, perguntou qual a diferença entre ensino e educação.

Ensino, ou transferência de conhecimento e de informação específica de modo geral, é exercido, principalmente, por aqueles que se dedicam ao magistério. Ensino é sinônimo de educação, mas se diferencia, à medida que se refere mais à instrução didática escolar; seja no ensino infantil, fundamental, secundário ou universitário. Ensinar enseja a transmissão de experiência adquirida, seja por vivência, por lição, por ensinamento ou pelo exemplo. Exemplo é tudo aquilo que pode ou deve ser imitado. É o modelo que deve vir dos mais velhos. É o devir.

Educação envolve a aplicação de processos e métodos próprios que asseguram a formação e o desenvolvimento físico, moral e intelectual do ser humano. Pode ser feita pela instrução pedagógica, didática e, principalmente, pelo exemplo. De nada adianta dizer para o seu filho não mentir, se você pede a ele para dizer que não está quando alguém lhe telefona. Ou dizer que não pode jogar papel na rua, quando você não respeita esse preceito. O exemplo, mais que as palavras, é que arrasta e induz as pessoas, especialmente as crianças, a fazer ou deixar de fazer algo.

Educação, na realidade, vai além do ensino, pois se refere à observação e ao conhecimento dos costumes da vida social, às normas de civilidade, delicadeza, polidez e cortesia. Uma pessoa pode ser instruída, mas não necessariamente educada. Já muita gente com pouca instrução pode ser, com certeza, muito bem educada. O efeito produzido por uma dessas condições, nem sempre traz consequências positivas para a outra.

Por que ler os Clássicos?

O cubano Ítalo Calvino, ele próprio um autor de clássicos, como O Visconde Cortado ao Meio, O Barão Trepador, O Cavaleiro Inexistente, Palomar, Sob o Sol Jaguar, Seis Propostas para o Próximo Milênio, As Cidades Invisíveis, Cosmicômicas e Marcovaldo, brinda-nos com o livro Por que ler os Clássicos? Os clássicos, segundo Calvino, são os livros de que se costuma ouvir dizer: "estou a reler... e que sempre constituem uma riqueza para quem os leu e amou; que exercem uma influência especial e inesquecível e que nunca acabam de dizer o que têm a dizer".

As odisseias que contém a Odisseia, obra atribuída a Homero, e que conta as aventuras de Ulisses. A guerra de Troia. O cerco. O cavalo. Desse clássico, o paraibano Zé Ramalho e seu parceiro, Otacílio Batista, escreveram um clássico da MPB: Mulher Nova, Bonita e Carinhosa, cujos primeiros versos dizem o seguinte:

Numa luta de gregos e troianos
Por Helena, a mulher de Menelau
Conta a história que um cavalo de pau
Terminava uma guerra de dez anos
Menelau, o maior dos espartanos
Venceu Páris o grande sedutor
Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor...

Xenofonte é apresentado por Calvino não apenas como o autor que descreve um velho documentário de guerra, mas que, além disso, traz com plenitude um variado prazer de leitura. Calvino fala também de Ovídio e a contiguidade universal; de Plínio, o Antigo, e tantos outros autores da literatura clássica universal.

Como entender que algo é kafkiano sem jamais ter lido O Processo, de Kafka? Ou saber o que significa o método cartesiano, desconhecendo O Discurso do Método, de Descartes? Ou compreender a Via Láctea, sem conhecer As Metamorfoses, de Ovídio? É preciso ler os clássicos, mas sem se esquecer de se atualizar com a sapiente leitura das atualidades. A tudo isso, segundo Calvino, "a única razão que se pode aduzir é que ler os clássicos é melhor que não ler os clássicos".

Com os clássicos é muito mais fácil entender que eleição, ensino e educação têm muito mais a ver um com o outro que uma simples letra inicial dos nomes.

Zacharias Bezerra de Oliveira

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