martedì 14 dicembre 2010

A palavra sustentabilidade

As palavras vão entrando e saindo de moda conforme as proposições de cada momento, as necessidades e as vontades daqueles que detêm o poder temporal, seja político ou econômico. É curioso, por exemplo, perceber o que ocorre com a palavra "sustentabilidade". Para o mundo capitalista, ela significa apenas a melhor maneira de auferir mais lucro com os seus negócios. É poder, por exemplo, dispor dos recursos da natureza, visando auferir mais e mais lucros e atingir alto nível de desenvolvimento em benefício pessoal ou de uma nação em particular. Não importa, para estes, se existem outros com os quais se devam dividir esses bens.

Mas a sustentabilidade verdadeira está justamente em se gastar e consumir menos para que outros, não apenas dessa geração, mas de gerações futuras também possam vir a se beneficiar desses bens que a Terra nos proporciona.

É preciso, portanto, que haja uma radical mudança de paradigma. Não basta mais reciclar, reutilizar, reduzir o consumo, é preciso que se mude esse modelo perverso de produção e de consumo desenfreado. Uma drástica redução de gastos das nações mais ricas. Uma redistribuição da riqueza mundial. Redução no usos de energia, sobretudo, de combustíveis fósseis.

Sustentabilidade, pois, é isso, garantir que as nações em desenvolvimento e as gerações futuras também possam vir a poder usufruir dos bens que a Natureza nos dá. Fabricar menos armas e produzir mais alimentos. Plantar mais amor e diminuir os pastos. Reduzir o consumo e, sobretudo, a produção de bens supérfluos.

Zacharias Bezerra de Oliveira

lunedì 6 dicembre 2010

Organização da ortografia

A língua como meio de comunicação, além de falada, é também grafada com os símbolos que chamamos escrita.

A ortografia, do grego, orthós = correto, direito, + grafia = escrita, é o conjunto de normas que a sociedade de determinada época convencionou serem corretas e aptas para representar os sons emitidos na fala. Essas normas, de tempos em tempos, devem ser atualizadas para acompanhar a célere evolução da língua falada e para facilitar o seu ensino.

Portugal existe como nação desde 1143, quando se tornou um reino independente e desde 1290 tem o português como língua oficial. Mas somente em 1911 foi feita a primeira sistematização ou organização da escrita da língua portuguesa.

Normatização da língua

A primeira intervenção visando estabelecer normas para escrever e falar a língua portuguesa usada desde a Idade Média, coube a Portugal que, para isso, no final de 1910 nomeou uma Comissão com os membros: Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, Adolfo Coelho, Carolina Michaelis, Borges Grainha, Cândido Figueiredo, Gonçalves Guimarães, José Joaquim Nunes, Júlio G. Moreira (e Epifânio da Silva Dias, que escusou-se por não poder participar). A Academia Brasileira de Letras, que existe desde 20/01/1897, por iniciativa de Machado de Assis e Joaquim Nabuco, recebeu comunicação sobre esse fato, no dia 17/01/1912.

Essa normalização seguiu a indicação do grande filólogo, foneticista e lexicógrafo português Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, que em 1904 escandalizou a muitos, ao publicar um livro intitulado: ORTOGRAFIA NACIONAL, quando pela norma vigente deveria ser: ORTHOGRAPHIA NACIONAL. Gonçalves Viana, para simplificar a escrita do português propunha:

a) A eliminação dos grupos, ph, rh, th; e do y;

b) A eliminação das consoantes dobradas, com exceção rr e ss;

c) A eliminação das consoantes não pronunciadas, quando estas não influíam na pronúncia da vogal anterior.

d) Regularização da acentuação gráfica.

A sistematização do português feita por essa Comissão, que estabelecia a simplificação da ortografia portuguesa, foi oficializada em Portugal no dia 01/09/1911. Ela preocupou-se em melhorar a correspondência entre a língua escrita e a língua falada, em detrimento da etimologia, o que representa um prejuízo para a compreensão da origem das palavras e de seu significado preciso. E com isso criaram-se resistências em diversos setores da comunidade lusófona, tanto em Portugal, quanto no Brasil.

Relutante, o Brasil, somente em 1915, aprovou as decisões dessa normatização portuguesa, mas com reservas e com fortes oscilações entre pontos a serem adotados e rejeitados. Por conta da insatisfação de muitos setores, em 1919 o poeta Osório Duque Estrada – o autor da letra do Hino Nacional Brasileiro – mobilizou a Academia Brasileira de Letras e diversos setores da sociedade brasileira e conseguiu que o Brasil revogasse a aprovação feita em 1915. Com essa revogação voltamos a escrever: azymo, cavallo, cysne, hydra, phalange, photo, phantasma, pharmácia, phósforo, labyrintho, lágryma, lymphoma, lyra, lynce, lyrio, theatro, myxoscopia, martyr, mytho, neóphito, nympha, philosophia, rhetórica, rhinite, rhombo, rhonco, tyroide, thema, theologia, thesouro, tohrax, typho, typo, xysto, zygoto...

Sabemos que é muito difícil, se não impossível, legislar sobre fonética sem controvérsias. Na prática, não se consegue estabelecer normas gerais, que englobem as particularidades da pronúncia de Portugal, das várias regiões do Brasil, de Angola, de Cabo Verde, de Moçambique, de Timor Leste etc. É por isso que todos os Acordos tentados foram muito difíceis e encontraram tantas e tão cerradas resistências.

domenica 12 settembre 2010

Nomes próprios e seus signficados

A partir de hoje, como curiosidade, algumas colunas publicadas semanalmente às segundas-feiras no Diário do Nordeste passarão a ser editadas aqui no nosso Blog, enquanto esperamos um patrocínio, quem sabe, para publicar em papel, como já nos foi sugerido e solicitado, todas as nossas colunas Palavras, Lógica e Sentido.

Apresentamos hoje nomes próprios, da letra A ate a letra C, com a devida explicação etimológica. Chamamos a atenção para o fato de que alguns nomes têm mais de uma explicação possível e também porque nem sempre a explicação é puramente etimológica, há casos em que a explicação é por analogia ou outras formas.

Os nomes próprios revelam vez por outra, curiosidades como: Burro, Calógero... você sabe qual foi o imperador romano que passou para história com o apelido de “Alpercatinha”?

Abdala. Do árabe, Abd = servo, + Allah = Deus. Servo de Deus.
Abdalaziz. Do árabe, Abd = servo, al (artigo), + Aziz = vitorioso. Servo vitorioso.
Arquelau. Do grego, archo = governo, + laos = povo. Governador do povo.
Arsênio. Do grego, arsen = viril, macho. Homem viril.
Arquimedes. Do grego, arqui = super, + medes, de medomai = pensar. Grande pensador.
Artur. Do céltico, art = pedra. Duro como a pedra.
Ascânio. Filho de Enéas, de etimologia desconhecida.
Aspásia. Do grego, aspozomai = abraçar. Mulher que acolhe com ternura. Era uma mulher ateniense célebre por sua beleza.
Asdrúbal. Do púnico, a`ru Baal = auxílio de Baal.
Assurbanipal. De axur-bani-pal = o deus Assur cria o filho.
Astolfo. Do alemão, ast-wulf = a lança que socorre.
Astério. Do grego, astérios = brilhante como um astro.
Atanásio. Do grego, athanatós + imortal. Vencedor da morte.
Ataulfo. Do alto alemão, Auxilio Paternal.
Átila. Do gótico, diminutivo de atta = pai. Significa: Paizinho ou Painho (na Bahia).
Augusto (a). Do latim, Augustus = consagrado pelos bons presságios dos adivinhos.
Aurélio (a). Palavra híbrida, do latim aurum =ouro, + elios = sol. Brilhante como o sol.
Aurora. Do latim, aurorra = brilhar, reluzir, alvorecer.
Austragésilo. Do gótico, austr = brilhante, + Geisel = refém (em alemão). Brilhante refém. É que na antiguidade os reféns eram tomados entre os filhos de pais ilustres.
Autólico. Do grego, autos = próprio; + lykós = lobo. O próprio lobo.
Aziz. Do árabe, significa o Bem Amado.

Balbino (a). Do latim, Balbinu = diminutivo de Balbus. Pequeno Balbo.
Balduino. Do alemão, Bald = audaz, ousado, + win = companheiro. Amigo corajoso.
Baraquias. Do hebaico, Barakiah = Deus abençoou.
Bárbara. Do grego, bárbaros = estrangeiro. Na antiguidade = o que não fala grego.
Basílio. Do grego, Basileios = real, régio. Em russo, Vasili, que foi o primeiro Czar russo.
Batista. Do grego, baptistés = balizador. Aquele que batiza.
Beatriz. Do latim, Beatrix = a que torna feliz.
Belisa. É apenas um anagrama de Isabel.
Belisário. Talvez do grego, belos = dardo. O que arremessa dardos ou flechas.
Benedito. Do latim, bendictus = abençoado.
Benoni. Do hebrico, Ben-aini filho da dor (cf. Gen.35, 18).
Bequimão. Do alemão, Bäckmann = padeiro.
Berengário. Do alemão, Bern = urso, + gar = lança. Caçador de ursos.
Berenice. Do macedônio, fere = trazer, + nike = vitória. Aquela que traz a vitória.
Bernardo. Do alemão, bern = urso, + hard = audaz. Ousado como um urso.
Berto (a). Do alemão, Berth = esplêndido (a). Associado a Alberto, Humberto, Roberto.
Bertoldo. Do alemão, Berth = esplêndido, + wald = chefe. Chefe esplêndido.
Bertrando. Do alemão, Berth = brilhante, + rand = escudo. Escudo brilhante.
Blandina. De origem latina. Significa, mulher, meiga e afável. Mártir cristã do século II.
Boaventura. De origem latina. Significa, o bem-vindo, o afortunado.
Bonifácio. Do latim, bonifatus = bem fadado. Ou de bônus faciens = o que faz o bem.
Breno. Do gaulês, brenn = cabeça. O Chefe. Em latim, Brenus (cf. Tito Lívio, V, 48).
Brígida. Do irlandês, Brig, ou Brighid = forte, grande. A forte.
Brunilda. Do alemão, brünne = couraça, + hild = combate. A que combate com couraça.
Bruno (a). Do francês, brun = moreno, trigueiro. Bruno louro é contradição etimológica.
Burro. Do latim, burrhus. Nome próprio masculino. Pode até ser raro, mas existe. Um deles é célebre, o americano Burrhus F. SKINNER, *1904+1990, um dos grandes psicólogos do século XX. Ele contribuiu muito para a teoria behaviorista, de J. B. Watson.

Caio. Do latim, gaius = alegre. Foi de “gaius” que o francês tirou “gai” = alegre.
Caetano. Do latim, caietanu = natural da cidade de Gaeta (Itália).
Calisto. Do grego, kallistós = belíssimo. O que é muito belo.
Calógero. Do grego, kalogeros = belo velho. Pandiá Calogeras foi o primeiro civil brasileiro da chefiar o Ministério da Guerra, em 1919 no governo de Epitácio Pessoa.
Calícrates. Do grego, kalos = belo + krates = forte. Forte e belo.
Calígula. É o diminutivo de caliga = alpercata dos soldados romanos. Calígula, = Caius César Germanicus, foi criado em acampamentos e recebeu dos soldados esse apelido. Tornou-se o imperador e passou para a história com esse nome: “alpercatinha” = Caligula.
Calíope. Do grego, kalos = belo (a), + ops = face, rosto. De bela face, bonita. Musa da poesia, ela é invocada por Camões em Os Lusíadas.
Calipso. Do grego, kalypsô = esconder. Era uma ninfa que se ocultava na ilha de Ogigia.
Calístenes. Do grego, kalos = belo, + sthenes = forte. Homem forte e belo.
Calvino. Do latim, calvinu = um pouco calvo, meio careca.
Camerino. (Sobrenome). Natural de Camerino, cidade do centro norte da Itália.
Camilo (a). Do latim, Camilus = jovem livre de família importante.
Cândido. Do latim, candidus = ingênuo, simples, puro.
Canuto. Do dinamarquês. Significa, poderoso, forte.
Carlos. Do alemão, Karl = Forte, viril. Ou do latim, carus = estimado.
Casimiro. Do polonês, ukasar = pregar, = mir = paz. Pregador da paz.
Cassilda. Do alemão, aquela que combate com lanças.
Cássio e Cassiano. Do latim, cassis = elmo. Homem armado com o elmo.
Castro. (Sobrenome). Do latim, castrum. Acampamento, fortaleza.
Catarina. Do grego, katarós = puro. Significa, a pura.
Cataldo. Do alto alemão, hatu = guerra, + wald = potente. Fortíssimo na guerra. São Cataldo é o protetor de Taranto, porto militar italiano no calcanhar da bota.
Castor. Do grego, kastor = brilhante.
Catulo. Do latim, catulus = cãosinho, cachorrinho, filhote.
Celeno. Do grego, keláinos = negro, sombrio. Nome de mulher. Era uma das harpias.
Celeste. Do latim, coelestis = habitante do céu.
Celestino (a); Celina. Diminutivos de Celeste.
Celso. Do latim, celsus = alto, elevado, apreciado, respeitado.
Ceres. Do latim, Ceres = criadora. Deusa da mitologia greco-romana.
Cesário. Do latim, Cesarius = Dedicado a César.
Cícero. Do latim, Cícero, ciceronis = grão de bico. (Cf. Plutarco, Vida de Cícero, I, 1).
Cilene. Do grego, kylléne. Nome feminino de etimologia desconhecida.
Cincinato. Do latim, cincinatu = de cabelo cacheado.
Cineas. Do grego, kineas. Nome de homem de etimologia desconhecida.
Cipriano. Do latim, cyprianu = cipriota, natural de Chipre.
Cirene. Do grego, kyrene = Nome de uma das ninfas. É uma cidade da África.
Cireneu. Do grego, kyrenáios = natural da cidade de Cirene.
Ciríaco. Do grego, kyriakós = do Senhor, senhorial.
Cirilo. Do grego, kyrillos = plena autoridade.
Ciro. Do persa = sol; pelo grego, kyrós = força. O que tem poder, o que é forte.
Cláudio (a). Do latim, claudus = manco, coxo. Da família romana, Claudius.
Claudino. É o diminutivo de Cludio.
Claudionor. Significa: “em honra de Cláudio.

sabato 11 settembre 2010

A Universidade e a construção do saber

Em meio ao ambiente propício da FACED-UFC, centenários manguezais, bem-te-vis que bailavam pelas janelas querendo adentrar e participar das discussões, colegas dos mais diversos ramos da ciência e três professores doutores à disposição: Luiz Botelho, Ana Iório e Paulo Barguil, eu aprendi como se dá a construção do saber no contexto cultural e as normas e formas das Práticas Educativas. Era a cadeira Didática do Ensino Superior que encerrava as disciplinas do mestrado no Programa Regional de Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA-UFC).
Aprendi com estes mestres que as Fábulas são a maneira de formar as pessoas no ambiente doméstico. Histórias com moral. Mostram o que é aceitável, inaceitável, valorizado ou não. É um princípio de formação. Destacam valores de humanidade e de solidariedade. Os Mitos, outra maneira de formar, referem-se a coisas que existem na natureza, na sociedade. O mito é extenso. Pode ser desconcertante pela crueza. Mostra que somos santos e diabos. Capazes da maldade, da esperteza, da enrolação. É um processo formador mais estruturado. Fábulas e Mitos, pois, estão dentro do processo formador que atravessa todas as civilizações. Ajudam a compreender a formação da sociedade.

PAIDEIA é o processo pelo qual se deu a formação do Homem grego. HUMANITAS, formação do Cidadão Romano. ESCOLÁSTICA, formação do Cristão Católico. Grande parte da educação brasileira, por exemplo, é moldada nestes princípios trazidos a nós pelos Jesuítas (1549). DIDÁTICA (Século XVIII), que surgiu no contexto da Reforma Protestante. Proposta de educação para todos: meninos e meninas. A finalidade era ensinar a todos a lerem os textos sagrados para se salvarem. Ler é fundamental para a salvação. A REVOLUÇÃO FRANCESA traz o Contrato Social (Rousseau). Direitos e deveres da cidadania. Direitos e deveres de homens e mulheres terem 4 anos de educação básica. Técnicas de ensino. Emancipação. Educação para a salvação, para o consumo... O Ensino Superior.

Mas o que é o Ensino Superior? Existe por acaso um ensino inferior? (Bom, existe o Ensino Médio). O Ensino Superior, digamos, é para pessoas que já foram domesticadas, treinadas e sabem quais são as suas responsabilidades e limitações. É um processo de construção da autonomia intelectual. O Ensino Superior existe para completar o processo de autonomia dos alunos. É um ensino para adultos extremamente sofisticados. A plena VERDADE não existe. O discurso é certo, é provável, é plausível, é certificado pela Academia, que está aí para ajudar a construir o perfil sociocultural, para nos auxiliar a construirmos nossa autonomia intelectual.

A Universidade era uma concessão territorial. Os professores não pagavam impostos. O estudante universitário não participava em refregas. Ter direito a usar cores, Brasão de Armas, o Campus Universitário são memórias de um passado glorioso que construiu o patrimônio da Academia. Direito a um diploma universitário. Antes só podia ser professor quem fosse filho de professor. Hoje é a avaliação pelo mérito feito pelos pares a critério da Universidade ao longo do processo de formação. A construção de uma identidade socialmente reconhecida tem como cenário a construção de um saber. É para isto que nos preparamos no Ensino chamado Superior. O mérito é aferido através de exames. Há uma articulação com o conhecimento. É prazeroso. Cada um encontra o tema que lhe agrada.

Para isso, temos a METODOLOGIA. Há um plano de ensino. Um planejamento prévio. Um ciclo pedagógico. A condução do processo. Plano. Previsão. Avaliação. Controle. São palavras-chave que indicam ser o ensino SUPERIOR para adultos responsáveis, para aqueles que, como o bem-te-vi na janela, querem entrar e participar. É a construção do saber.

Zacharias Bezerra de Oliveira

giovedì 5 agosto 2010

Palavras que mudaram de sentido

Asilo – Do grego, ’άσυλος = imune de roubo, inviolável, protegido, seguro. A palavra é composta de “a” privativo, + syle = preso, tomado, invadido, saqueado. Na antiguidade as igrejas e templos eram lugares de asilo dos perseguidos, até da polícia. Posteriormente a palavra tomou o sentido de instituição social para abrigar e sustentar diversos tipos de pessoas: idosos, doentes mentais, órfãos... é claro que essas instituições têm também a finalidade de proteger esses seus dependentes,mas houve pelo menos uma ligeira mudança de sentido.

Bárbaro – Do grego, βάρβαρος = estrangeiro. Em grego antigo a palavra é de origem onomatopaica, o que fala uma língua estranha e diz: bar, bar, bar... emitindo sons que não se compreende. Plutarco conta que Pirro, o aventureiro rei do Épiro, vendo as legiões romanas organizadas e esplendidamente aparelhadas, disse: “Eu jamais imaginava que esses bárbaros fossem tão civilizados”. Hoje a frase soa contraditória, mas bárbaros aí, era estrangeiros. Foi a violência de certos “estrangeiros” = bárbaros: alanos, hunos, vândalos... que atacaram o império romano semeando desordens, saques e outras violências, que a palavra “bárbaro” perdesse o sentido de “estrangeiro” e passasse a significar só: violento, cruel, desalmado...

Cardeal – Do latim, cardo, cardinis = gonzo... (perno, polo...) que em linguagem figurada quer dizer apoio, base, sustentação, portanto parte essencial e também orientação, como no caso dos quatro pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste; ou das quatro virtudes cardeais: justiça, fortaleza, prudência e temperança, que estão na base de todas as outras. A Igreja chama de “Cardeais”, os altos prelados do Vaticano que são conselheiros e auxiliares mais diretos do Papa, no governo da Igreja Católica. Os cardeais veem do ano 113 d.C.

Carpinteiro Do latim, carpentum = carro. Inicialmente carpinteiro era quem trabalhava na fabricação de carros e carroças, nessa denominação se inclui o carro de trem, que em italiano é “carrozza” = carroça.

Cirurgia – Do grego, χειρουργιία = cirurgia. A palavra é formada de cheir = mão, + urgia = trabalho, palavra oriunda do verbo érgom = trabalhar. O termo cirurgia designava inicialmente todo trabalho feito com as mãos: barbeiro, bordadeira, carpinteiro, pedreiro... e todos os trabalhos. Depois com o desenvolvimento da medicina surgiu um parte especializada em operação e surgir a medicina cirúrgica e a palavra ficou exclusiva para o médico que praticar intervenções operando pacientes.

mercoledì 28 luglio 2010

Palavras que mudaram de sentido

Nós aprendemos e usamos palavras, muitas vezes sem nos dar conta de que o significado delas foi atribuído, casual ou deliberadamente, no tempo histórico, por uma ou várias pessoas, ou como em alguns casos, foi motivado por uma situação, um acontecimento ou um fato significativo para a comunidade.
Uma exceção, que vem confirmar essa regra, está nas palavras que têm vários sentidos, como: manga, linha, etc. Se antes de usarmos uma palavra soubermos o seu significado original e sua história, falaremos e escreveremos com mais precisão. Daí a importância de conhecer as palavras no seu significado primevo. Como não sabemos tudo, nós devemos usar o dicionário.
A etimologia é uma ajuda preciosa para compreender o ponto de partida das palavras e seu desenvolvimento ulterior. Os valores podem mudar, perder-se ou tornar-se gradativos.

Alqueire – Do árabe al-kárl, alqueire, originalmente, eram bolsas presas ao dorso dos animais de carga e que continham grãos. Depois passou a significar, por analogia, a quantidade de grãos que cabia em cada bolsa. Era uma medida de capacidade para sólidos e líquidos. Mais tarde o alqueire se tornaria também uma medida de área. Sendo 1 (um) alqueire o correspondente à área necessária para o plantio da quantidade de grãos que cabia naquelas bolsas. Hoje, no Brasil, alqueire é uma unidade de medida de superfície agrária que equivale a 2,42 há. em São Paulo, “alqueire paulista” ou a 4,84 hectares, (MG e R J), ou o “alqueire do norte”, = 27.225m².

Anedota – Do grego, ’ανέκδοτος = inédito, não publicado, não conhecido. A anedota pois, na sua essência é um fato novo, recém criado, não publicado e por isso não conhecido. O que não é o caso de tantas contadas e recontadas mil vezes.

Apoteose – Do grego, ’αποθέωσις = apoteose. A palavra vem de dois termos gregos: apo = depois, após, + Théos = Deus. A apoteose era uma cerimônia solene, que acontecia já no paganismo, com a qual, após a morte de uma pessoa ilustre, se procurava aproximar aquela pessoa dos deuses e se testemunhava a admiração por aquela pessoa. A apoteose era pois uma cerimônia fúnebre, uma espécie de encomendação, como se faz no cristianismo.

Assassino – Do árabe haxaxi = consumidor de hashish bebida alcoólica extraída das folhas de cânhamo (canabis sativa), a popular maconha. Eram chamado “hachachi”, os adeptos de uma seita xiita do século XI, guiada por Hassan Al-Shabbah, conhecido como o velho da montanha. Na época das Cruzadas, os hachachis consumiam a erva antes de investirem sangrentos ataques contra os cristãos. Portanto, de haxaxi = consumidor de erva, posteriormente, se originou a palavra assassino.

venerdì 25 giugno 2010

Como “criar” palavras?

“É preferível ensinar o necessitado a pescar a dar-lhe o peixe já pescado”. Para criar suas próprias palavras faça uma busca de prefixos e sufixos latinos e gregos e, agregando os termos de outras línguas de que muitos são conhecedores, tente “criar” novos nomes compreensíveis, lógicos e aceitáveis. Sugere-se a associação com outras pessoas e a realização de uma “tempestade de ideias” (brainstorming) para trazer à luz as palavras que se quer e são viáveis de serem criadas.

A participação do professor/orientador e de pessoas bem informadas em literatura e em línguas clássicas é fundamental neste processo de criação. É muito importante a participação de todos no processo de criação. Cada um tem a sua contribuição a dar. Não existe opinião que possa ser considerada boba ou que seja logo descartada. Por isso, solte as amarras, extravase, jogue fora a timidez e dê sua opinião. A hora de falar é no momento da criação, quando se realiza a tempestade de ideias. Caso não esteja conseguindo falar, levante o braço, que o professor (moderador) dar-lhe-á voz.

Palavras criadas por escritores clássicos e modernos

Foram muitos os escritores clássicos e modernos que criaram palavras. Homero, de tão embevecido com o belo amanhecer na Grécia, escreveu: “Quando apareceu a filha da manhã, a Aurora rododáctila...” (Ilíada 1,477 e Odisseia 2,1) et passim. Nesse trecho ele cria o termo “rododáctila”, unindo as palavras: “rodos” = rosa + dáctilo = dedo. Portanto ele antropomorfiza Eo, a deusa da aurora, simbolizando-a na rosada mão aberta, fazendo desaparecer as trevas e trazendo o tom rosáceo, prenúncio da luz de um novo e lindo dia. Artistóteles em sua Retórica (1405 b) usa o termo e faz um acurado comentário sobre a beleza, a correção e a exatidão que o mesmo encerra. A Homero, também é atribuído um neologismo grego surgido no seu tempo, numa obra em forma de paródia intitulada: Batracomiomaquia. Esse termo é a simples junção de três nomes: Batráko+mio+maquia = “Batalha das rãs com os ratos”. A autoria nunca foi provada. É bom saber que o termo “mio” em grego, tem um homônimo que é “músculo”.

O escritor francês, François Rabelais *1494+1553, em Pantagruel, criou o personagem Panúrgio, nome composto de pan = tudo, mais urgio, de ergon = trabalho. O termo tem o sentido de esperto, malino, impossível... Panúrgio comprou caro o carneiro mais velho do rebanho de seu desafeto e ato contínuo, jogou-o no mar. Imediatamente todo o rebanho precipitou-se atrás dele. O inimigo perdeu seu rebanho. Por associação pode-se entender as palavras com mesmo final como: cirurgia, dramaturgia, liturgia, meliturgia, metalurgia. mineralurgia, siderurgia, taumaturgia... O economista francês Jean-Claude M. Vincent *1712+1759, em um momento de luminosa inspiração “criou” a palavra: bureaucratie, que é a união da palavra francesa “bureau” = mesa com a palavra grega “cracia” = poder. Em português transformou-se em “burocracia”. Esta foi uma palavra muito bem aceita em todas as línguas ocidentais , o que demonstra ser este um problema universal. Esta palavra é uma feliz criação, pois retrata exatamente o que a burocracia representa: “o poder da mesa”. O sujeito senta-se atrás de uma mesa e tome ordens, exigências para chatear as pessoas... Aqui entre nós brasileiros esta palavra, às vezes, é também traduzida como “burrocracia”, em uma clara alusão de que seriam medidas tomadas por pessoas com poder, mas pouca inteligência.

No início dos anos 60 os russos criaram a palavra “cosmonauta” (que pela nova grafia pode ser “kosmonauta”, pois vem do grego kosmós = universo). No auge da guerra fria, os americanos, “revidaram” criando a palavra “astronauta”. Hoje as duas palavras são usadas igualmente. Em maio de 1998, quando os chineses começaram a explorar o espaço sideral. O chinês Chiew Lee Yih teve a ideia de “criar” um novo nome para designar “um chinês navegando no espaço”. Ele concebeu a palavra “taikonauta”, que é a junção de “taikong” = espaço em chinês (mandarino) + a palavra grega e também latina, “nauta”. É por isso que um chinês navegando no espaço não é um argonauta, não é um kosmonauta, nem um astronauta, mas sim, um “taikonauta”. E a palavra tem tudo para entrar no uso comum mesmo no ocidente.

O escritor palestino Imil Habibi *1922+1996, em livro publicado em 1974, “criou” o termo “pessotimista” com que designa uma pessoa que está num dilema entre o pessimismo e o otimismo, ou que avaliando a realidade concreta gostaria de ser otimista, mas o pessimismo barra-o a meio caminho. O livro foi traduzido para o espanhol e a palavra “pesoptimista” (em espanhol) bastante discutida e utilizada na década de 1990 na Espanha e em países de língua hispânica. O escritor indiano Jairam Ramesh, em 2005, publicou o livro Making Sense of Chindia, (India Research Press, Bangalore). Ele refere-se a um possível novo país CHINDIA, que seria a fusão da China com a Índia, cujos cidadãos seriam os “chindianos”. Esse país com o “software” da Índia e o “hardware” da China desequilibraria o mercado mundial da informática e periféricos.

mercoledì 16 giugno 2010

NOMES INDÍGENAS I

Acajutiba. Do tupi, acaju-tyba = cajual, bosque de cajueiros. Cidade da Bahia.
Aimoré. Do tupi, hai = dente, + mbo`re = (de) morder. O que tem dentes. O mordedor.
Aiuaba. Do tupi, ajua-ba = lugar onde amadurecem as frutas.
Ahangá. Do tupi, a`nhá = fugir, espírito fugidio, fantasma. Segundo Fernão Cardim vem de ai ang = alma do mal. Se opõe a Tupã = tub ang = alma do pai, protetor, criador.
Anhanguera. Do tupi, anhangá-wera = diabo que já foi, diabo velho. Pode ter alusão ao bandeirante que ante os índios queimou álcool numa bacia ameaçando por fogo nos rios.
Anhembi. Do guarani, y-nhemby = rio abaixo. Antigo nome do rio Tietê.
Araguaia. Do tupi, ara = tempo, + gway’a = tempo de apanhar caranguejo. Mas José de Alencar diz que vem de ara + gwara = os guerreiros arara. Teodoro Sampaio diz que vem de, a’ra + gwaya = os papagaios mansos.
Arariboia/Araiboia. Do tupi, ara’üba = tempo mau. Ou de ara’mbou = cobra de mau tempo; cobra que respondia ao eco do trovão. Era um Cacique batizado com o nome de Martim Afonso.
Arapiraca. Do tupi, Arapiraca = planta da família das leguminosas. Cidade de Alagoas.
Arapuá. Do tupi, arapuá (ou eiropuá = abelha nativa do sertão que se enrosca no cabelo.
Araripina. Do tupi, arari-pina = lavra dos papagaios, das araras.
Araguaia. Do tupi, ará-uáia = rabo de arara. Variedade de periquito. Rio do Tocantins.
Araguari. Do tupi, Araguari = ave pernalta de cor parda. Cidade de Minas Gerais.
Araquara. Do tupi, arara-cuara = buraco das araras. Cidade de São Paulo.
Araruama. Do tupi, araruama = comedouro/bebedouro dos papagaios. Cidade do Rio.
Arataca. Do tupi, arataca = armadilha para pegar pássaros, arapuca. Praia de Sta. Catarina.
Araxá. Do tupi, ara e’xa = vista do mundo. De onde se vê longe. (Ver Araripe).

martedì 15 giugno 2010

A GÍRIA

A gíria faz parte do vocabulário de qualquer língua e consta até mesmo dos dicionários e compêndios vernáculos. Ela não é, de forma alguma o flagelo da linguagem. Quem, um dia, já não usou bacana, dica, cara, chato, cuca, esculacho, estrilar?

O mal reside na adoção da gíria como forma permanente de comunicação, desencadeando processo de esquecimento da linguagem adequada aos padrões correntes da língua e até o desprezo pelo vocabulário oficial. Usada no momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que denota expressividade e revela grande criatividade, desde que, naturalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao receptor.

Mas observe bem, estamos falando de gíria e não de palavras de baixo calão ou da linguagem rude e mal-empregada das classes baixas, que denotam desrespeito e falta de educação.

Embora seja considerada uma linguagem criativa e expressiva, a gíria só é admitida na língua falada. A língua escrita não a tolera, a não ser na reprodução da fala de determinado meio ou época, com a visível intenção de documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre amigos, familiares, namorados etc., caracterizada pela linguagem informal.

Portanto, caro leitor, leitora, muito cuidado na utilização da linguagem. Não se deve confundir liberdade com libertinagem. Saber falar e utilizar a linguagem adequada ao meio e ambiente em que se convive é fundamental regra para uma boa convivência.

Zacharias Bezerra de Oliveira

domenica 30 maggio 2010

DE ONDE VÊM AS PALAVRAS?

Em seu livro sobre origens e curiosidades da língua portuguesa, cujo título é o mesmo deste artigo, Deonísio Silva (2004), discorre sobre a etimologia histórica de muitas palavras, uma delas está muita ligada às nossas origens sertanejas: aboiar.

O autor explica que aboiar vem de boi, do latim, em que o nominativo é bos e o genitivo, bovis. Acrescentaram-se, então, o prefixo "a" e o sufixo "ar" à palavra "boi" e formou-se a palavra aboiar. É o ato dos vaqueiros cantarem à frente do gado para tranquilizar e conduzir as reses. Diversos escritores tratam dos sentimentos do boi, do qual, dizem, só não se aproveita o berro. A monotonia da cantiga, entoada pelos condutores de gado, expressa a saudade de homens e bois, ambos afastados do lar e da querência, rumo a separações inevitáveis.

Segundo Deonísio, Euclides da Cunha discerniu um complicado espaço de negociação devido às ligações afetivas entre homens e boi: "Vai dali mesmo contando as peças destinadas à feira; considera, aqui, um velho boi que ele conhece há dez anos e nunca levouà feira, mercê de uma amizade antiga; além de um numbica claudicante, em cujo flanco se enterra estrepe agudo, que é preciso arrancar; mais longe, mascarado, a cabeça alta e desafiadora, seguindo apenas guiado pela compreensão dos outros, o garrote bravo, que subjugou pegando-o de saia, e derrubando-o na caatinga; acolá, caminhando folgado porque os demais o respeitam, abrindo-lhe em roda um claro, largo pescoço, energadura de búfalo, o touro vigoroso, inveja de toda redondeza, cujas armas rígidas e curtas relembram estalafas, rombas e cheias de terra, guampaços formidáveis, em luta com os rivais possantes, nos logradouros; além, para toda a banda, outras peças, conhecidas, todas, revivendo-lhe todas, uma a uma, um incidente, um pormenor qualquer de sua existência primitiva e simples".

Aliás, esse canto do vaqueiro, que nosso avô, Luiz Bezerra de Menezes Lima, entoou tantas vezes conduzindo gado dos Ihamuns para os sertões de Goiás, também já foi comparado a cantiga de ninar o gado, explica Deonísio, e mereceu outros lamentos, como nos versos de Pedro Bento e Zé da Estrada: "Cada jamanta que eu vejo carregada/ transportando uma boiada,/ me aperta o coração./ E quando olho minha tralha pendurada/ de tristeza dou risada/ pra não chorar de paixão".

Outra canção diz respeito a uma boiada que passava por uma porteira lá pelas bandas de Ouro Fino, Minas Gerais, que era sempre pressurosamente aberta por um menino, o qual, foi um dia atingido por um boi bravo. Estória retratada até nas telas de cinema. Deonísio relaciona a essa passagem do boi pela porteira, à denominação de "boi" à menstruação das meninas em algumas regiões do centro-oeste do país, que também recebe o sinônimo de paquete, uma clara referência ao packet-boat, barco inglês que aportava com a correspondência da Europa uma vez por mês. Estar de boi pode ter influência também do boi bravo, que, segundo explica Deonísio, teria servido de metáfora nordestna para a síndrome pré-menstrual, atualmente conhecida por TPM, as iniciais de tensão pré-menstrual. Mas isso já outra estória...

Zacharias Bezerra de Oliveira

domenica 23 maggio 2010

NOMES PRÓPRIOS E ETIMOLOGIA

Apresentamos alguns nomes próprios com a devida explicação etimológica. Alguns nomes têm mais de uma explicação possível e nem sempre esta explicação é puramente etimológica. Há casos em que ela se dá por analogia ou outras formas. Os nomes próprios revelam, vez por outra, curiosidades como: Burro, Calógero...

Abdala. Do árabe, Abd = servo, + Allah = Deus. Servo de Deus.
Abdalaziz. Do árabe, Abd = servo, al (artigo), + Aziz = vitorioso. Servo vitorioso.
Arquelau. Do grego, archo = governo, + laos = povo. Governador do povo.
Arsênio. Do grego, arsen = viril, macho. Homem viril.
Arquimedes. Do grego, arqui = super, + medes, de medomai = pensar. Grande pensador.
Artur. Do céltico, art = pedra. Duro como a pedra.
Ascânio. Filho de Enéas, de etimologia desconhecida.
Aspásia. Do grego, aspozomai = abraçar. Mulher que acolhe com ternura. Era uma mulher ateniense célebre por sua beleza.
Asdrúbal. Do púnico, a`ru Baal = auxílio de Baal.
Assurbanipal. De axur-bani-pal = o deus Assur cria o filho.
Astolfo. Do alemão, ast-wulf = a lança que socorre.
Astério. Do grego, astérios = brilhante como um astro.
Atanásio. Do grego, athanatós + imortal. Vencedor da morte.
Ataulfo. Do alto alemão, Auxilio Paternal.
Átila. Do gótico, diminutivo de atta = pai. Significa: Paizinho ou Painho (na Bahia).
Augusto (a). Do latim, Augustus = consagrado pelos bons presságios dos adivinhos.
Aurélio (a). Palavra híbrida, do latim aurum =ouro, + elios = sol. Brilhante como o sol.
Aurora. Do latim, aurorra = brilhar, reluzir, alvorecer.
Austragésilo. Do gótico, austr = brilhante, + Geisel = refém (em alemão). Brilhante refém. É que na antiguidade os reféns eram tomados entre os filhos de pais ilustres.
Autólico. Do grego, autos = próprio; + lykós = lobo. O próprio lobo.
Aziz. Do árabe, significa o Bem Amado.

Balbino (a). Do latim, Balbinu = diminutivo de Balbus. Pequeno Balbo.
Balduino. Do alemão, Bald = audaz, ousado, + win = companheiro. Amigo corajoso.
Baraquias. Do hebaico, Barakiah = Deus abençoou.
Bárbara. Do grego, bárbaros = estrangeiro. Na antiguidade = o que não fala grego.
Basílio. Do grego, Basileios = real, régio. Em russo, Vasili, que foi o primeiro Czar russo.
Batista. Do grego, baptistés = balizador. Aquele que batiza.
Beatriz. Do latim, Beatrix = a que torna feliz.
Belisa. É apenas um anagrama de Isabel.
Belisário. Talvez do grego, belos = dardo. O que arremessa dardos ou flechas.
Benedito. Do latim, bendictus = abençoado.
Benoni. Do hebrico, Ben-aini filho da dor (cf. Gen.35, 18).
Bequimão. Do alemão, Bäckmann = padeiro.
Berengário. Do alemão, Bern = urso, + gar = lança. Caçador de ursos.
Berenice. Do macedônio, fere = trazer, + nike = vitória. Aquela que traz a vitória.
Bernardo. Do alemão, bern = urso, + hard = audaz. Ousado como um urso.
Berto (a). Do alemão, Berth = esplêndido (a). Associado a Alberto, Humberto, Roberto.
Bertoldo. Do alemão, Berth = esplêndido, + wald = chefe. Chefe esplêndido.
Bertrando. Do alemão, Berth = brilhante, + rand = escudo. Escudo brilhante.
Blandina. De origem latina. Significa, mulher, meiga e afável. Mártir cristã do século II.
Boaventura. De origem latina. Significa, o bem-vindo, o afortunado.
Bonifácio. Do latim, bonifatus = bem fadado. Ou de bônus faciens = o que faz o bem.
Breno. Do gaulês, brenn = cabeça. O Chefe. Em latim, Brenus (cf. Tito Lívio, V, 48).
Brígida. Do irlandês, Brig, ou Brighid = forte, grande. A forte.
Brunilda. Do alemão, brünne = couraça, + hild = combate. A que combate com couraça.
Bruno (a). Do francês, brun = moreno, trigueiro. Bruno louro é contradição etimológica.
Burro. Do latim, burrhus. Nome próprio masculino. Pode até ser raro, mas existe. Um deles é célebre, o americano Burrhus F. SKINNER, *1904+1990, um dos grandes psicólogos do século XX. Ele contribuiu muito para a teoria behaviorista, de J. B. Watson.

Caio. Do latim, gaius = alegre. Foi de “gaius” que o francês tirou “gai” = alegre.
Caetano. Do latim, caietanu = natural da cidade de Gaeta (Itália).
Calisto. Do grego, kallistós = belíssimo. O que é muito belo.
Calógero. Do grego, kalogeros = belo velho. Pandiá Calogeras foi o primeiro civil brasileiro da chefiar o Ministério da Guerra, em 1919 no governo de Epitácio Pessoa.
Calícrates. Do grego, kalos = belo + krates = forte. Forte e belo.
Calígula. É o diminutivo de caliga = alpercata dos soldados romanos. Calígula, = Caius César Germanicus, foi criado em acampamentos e recebeu dos soldados esse apelido. Tornou-se o imperador e passou para a história com esse nome: “alpercatinha” = Caligula.
Calíope. Do grego, kalos = belo (a), + ops = face, rosto. De bela face, bonita. Musa da poesia, ela é invocada por Camões em Os Lusíadas.
Calipso. Do grego, kalypsô = esconder. Era uma ninfa que se ocultava na ilha de Ogigia.
Calístenes. Do grego, kalos = belo, + sthenes = forte. Homem forte e belo.
Calvino. Do latim, calvinu = um pouco calvo, meio careca.
Camerino. (Sobrenome). Natural de Camerino, cidade do centro norte da Itália.
Camilo (a). Do latim, Camilus = jovem livre de família importante.
Cândido. Do latim, candidus = ingênuo, simples, puro.
Canuto. Do dinamarquês. Significa, poderoso, forte.
Carlos. Do alemão, Karl = Forte, viril. Ou do latim, carus = estimado.
Casimiro. Do polonês, ukasar = pregar, = mir = paz. Pregador da paz.
Cassilda. Do alemão, aquela que combate com lanças.
Cássio e Cassiano. Do latim, cassis = elmo. Homem armado com o elmo.
Castro. (Sobrenome). Do latim, castrum. Acampamento, fortaleza.
Catarina. Do grego, katarós = puro. Significa, a pura.
Cataldo. Do alto alemão, hatu = guerra, + wald = potente. Fortíssimo na guerra. São Cataldo é o protetor de Taranto, porto militar italiano no calcanhar da bota.
Castor. Do grego, kastor = brilhante.
Catulo. Do latim, catulus = cãosinho, cachorrinho, filhote.
Celeno. Do grego, keláinos = negro, sombrio. Nome de mulher. Era uma das harpias.
Celeste. Do latim, coelestis = habitante do céu.
Celestino (a); Celina. Diminutivos de Celeste.
Celso. Do latim, celsus = alto, elevado, apreciado, respeitado.
Ceres. Do latim, Ceres = criadora. Deusa da mitologia greco-romana.
Cesário. Do latim, Cesarius = Dedicado a César.
Cícero. Do latim, Cícero, ciceronis = grão de bico. (Cf. Plutarco, Vida de Cícero, I, 1).
Cilene. Do grego, kylléne. Nome feminino de etimologia desconhecida.
Cincinato. Do latim, cincinatu = de cabelo cacheado.
Cineas. Do grego, kineas. Nome de homem de etimologia desconhecida.
Cipriano. Do latim, cyprianu = cipriota, natural de Chipre.
Cirene. Do grego, kyrene = Nome de uma das ninfas. É uma cidade da África.
Cireneu. Do grego, kyrenáios = natural da cidade de Cirene.
Ciríaco. Do grego, kyriakós = do Senhor, senhorial.
Cirilo. Do grego, kyrillos = plena autoridade.
Ciro. Do persa = sol; pelo grego, kyrós = força. O que tem poder, o que é forte.
Cláudio (a). Do latim, claudus = manco, coxo. Da família romana, Claudius.
Claudino. É o diminutivo de Claudio.
Claudionor. Significa: “em honra de Cláudio.

mercoledì 19 maggio 2010

A VÍRGULA

Um dos fenômenos dessa nova era tecnológica é a quantidade de informações que se recebe diariamente pela Internet. Entre as tentativas de uns em colher dados de seu computador ou enviar vírus com mensagens do tipo: "oi, lembra de mim? click e veja nossas fotos", ou: "amigo, você está sendo traído, veja aqui as fotos do beijo" e tantas outras que pedem um número de conta bancária para despositar uma soma enorme de dólares que ficou esquecida em um banco da África, ou prêmios de loterias ganho em países, onde eu jamais estive, ou se lá estive nunca na loteria apostei.

"A vírgula" é o título de um texto que recebi já algumas vezes e que me foi enviado recentemente pela amiga, leitora e seguidora de meu blog, Inês Amarante. Segundo informa, o texto faz parte de uma "campanha dos 100 anos da ABI" (Associação Brasileira de Imprensa).

A pontuação é uma das grandes dificuldades encontradas pelos meus alunos de língua portuguesa. Se a vírgula é difícil, imgine o ponto e vírgula. Este último ninguém se arrisca em colocar. Vamos ao texto:

A vírgula

Muito legal a campanha dos 100 anos da ABI. (Associação Brasileira de
Imprensa).

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere..

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis..
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo. ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma
vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER
ANDARIA À SUA PROCURA.

* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...
* Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

Zacharias Bezerra de Oliveira

venerdì 14 maggio 2010

MAU OU MAL?

Esta é uma das grandes dificuldades com que se deparam as pessoas ao ter que escrever este termo. Os que acompanham a nossa coluna no Diário do Nordeste todas as segundas-feiras, Palavra, Lógica e Sentido, vão aprender no próximo dia 17 que mau é o contrário de bom e mal é o contrário de bem. Portanto, basta fazer a pergunta sobre o contrário da palavra para saber como escrevê-la.

Mau – Do latim, malus = que causa mal, cruel, funesto, nefasto, nocivo, malvado e também grosseiro = ele atendeu o cliente com maus modos; sem talento ou inábil = ele era um mau pintor. O superlativo de “mau” é péssimo ou malíssimo.

Quando usar “mau” ou “mal”. Mau é o contrário de “bom”; mal é o antônimo de “bem”. Há uma regra simples: a) se a palavra que acompanha é substantivo, usa-se “mau”, ex: mau-caráter, mau-
-olhado, maus-tratos, mau-vizinho... e sem hífen: ato mau, mau exemplo, mau negócio, mau conselho, mau costume, etc. b) Se for verbo, advérbio ou adjetivo, usa-se “mal”, como: mal-estar, mal-agradecido, mal-aconselhado, mal-acostumado, mal-apresentado, mal-educado, livro mal traduzido, carta mal escrita, passar mal, sair-
-se mal.

Atenção para o uso de “malgrado” e “mau grado”: usa-se malgrado quando se quer dizer “não obstante”, ou “apesar de”... “não conseguimos salvar a vítima, malgrado nossos ingentes esforços”; emprega-se mau grado, quando se quer dizer “contra a vontade” ou “a contragosto”... “mau grado meu, ela me acompanhou”; “ele comprou de mau grado um ponto da rifa”.

lunedì 10 maggio 2010

FONOLOGIA

O que há de comum entre o ser humano e as aves? Coloquei essa questão na sala de aula, mas meus alunos não souberam responder. Os pássaros, assim como os homens, são dos poucos seres do reino animal que dependem de um período maior de atenção até poderem seguir seus caminhos sozinhos. As aves são nutridas pela mãe até criarem asas e passam por treinamento até saberem voar por conta própria. O homem, por um tempo relativo maior, também segue o mesmo caminho. As aves têm uma particularidade: sabem voar. O ser humano, outra: podem falar. Guardadas as diferenças e as devidas proporções, estas peculiaridades podem ser tomadas como pontos comuns entre ambos.

O livro "Os Serões Gramaticais", de Ernesto Carneiro Ribeiro, diz que o aparelho da voz é composto de vários órgãos que o tornam maravilhoso e sem imitação na natureza. É um dos mais importantes da organização humana. Este aparelho faz de cada um de nós um músico. É um instrumento que diferencia o homem de todos os outros animais. É único e é múltiplo ao mesmo tempo. Único na estrutura. Múltiplo na sua função, pois une...

o doce e o suave de todos os instrumentos; irmana o simples ao sublime, o triste e lúgubre ao alegre e risonho; vivifica as suas notas, aquecendo-as ao fogo das paixões; suaviza seus acentos, afeiçoando-os à ternura dos afetos e das doces comoções; avigora-os, acomodando-os às energias da vontade, ao brilho dos conceitos, à varonilidade e ao vigor d'alma (RIBEIRO, p. 25, 1955).

A sonoridade da voz é algo bem particular, seja cantando ou seja falando, cada um tem o seu timbre próprio. Seja com notas graves ou agudas, ou de intensidade, amplitude e duração de ritmo distintos, cada um tem a sua melodia particular. Dentro de um Estado, como o Ceará, o sotaque bem distinto do Cariri, diferencia-os do restante do Estado.

O aparelho fonador utiliza, pois, as vogais e as consoantes para produzir o som. A corrente de ar, que parte dos pulmões, modificada pelas disposições da faringe, produz os sons vogais. As consoantes, ao contrário, são ruídos que se produzem na mesma cavidade pela obstrução da corrente de ar. E a mistura dos dois forma as palavras e a música que embala os nossos ouvidos.

giovedì 6 maggio 2010

A DIVISÃO SILÁBICA

A divisão silábica, que em regra se faz pela soletração: a-ba-de, bru-ma, bru-xa, ca-cho, gan-cho, lan-che, lha-no, ma-lha, ma-nha, má-xi-mo, ra-lha, ran-cho, ó-xi-do, ri-nha, ro-xo, tme-se e na qual, por isso, não se tem de atender aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo a etimologia (a-ba-li-e-nar, bi-sa-vô, de-sa-pa-re-cer, di-sú-ri-co, e-xâ-ni-me, hi-pe-ra-cús-ti-co, i-ná-bil, o-bo-val, su-bo-cu-lar, su-pe-rá-ci-do), obedece a vários preceitos particulares, que rigorosamente cumpre seguir, quando se tem de fazer em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a partição de uma palavra:

1) São indivisíveis no interior de palavra, tal como inicialmente, e formam, portanto, a sílaba para a frente as sucessões de duas consoantes que constituem grupos perfeitos, ou sejam (com exceções apenas de vários compostos com prefixo terminados em b ou d: ap-to, ab-legação - de ab-legar -; ad-ligar, sub-lunar etc., em vez de a-blegação, a-dligar, su-blunar etc.) aquelas sucessões em que a primeira consoante é uma labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda, um l ou um r: a-blução, cele-brar, du-plicação, re-primir, a-clamar, de-creto, de-glutição, re-grado, a-tlético, cáte-dra, perime-tro, a-fluir, a-fricano, ne-vrose.

2) São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com valor de nasalidade, e uma consoante: ab-dicar, Ed-gardo, op-tar, sub-por, ab-soluto, ad-jetivar, af-ta, bet-samita, íp-silon, obs-tar, ob-viar, des-cer, dis-ciplina, flores-cer, nas-cer, res-cisão, ac-ne, ad-mirável, cac-tus, Daf-ne, diafrag-ma, drac--ma, ét-nico, rit-mo, sub-meter, am-nésico, inte-ram-nense; bir-reme, cor-roer, at-mo, pror-rogar; as-segurar, bis-secular, pror-romper, sos-segar, bissex-to, con-texto, ex-citar, atroz-mente, capaz-mente, infeliz-mente; am-bição, desen-ganar, en-xame, man-chu, Mân-lio etc.

3) As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios: se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis (de acordo com o preceito 1º), esse grupo forma sílaba para diante, ficando a consoante ou consoantes que o precedem ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão dá-se sempre antes da última consoante. Exemplos dos dois casos: a) cam-braia, ec-tlipse, em-blema, ex-plicar, in-cluir, ins-crição, ins-truir, subs-crever, trans-gredir; b) abs-tenção, disp-neia, in-terste-lar, lamb-dacismo, sols-ticial, Terp-sícore, tungs-tato, tungs-tênio/tungs-ténio.


Ectlipse, do grego ektlípsis = ato de esmagar. É a elisão do m final de
certos vocábulos, quando se lhes segue uma vogal. Por ex.: côa em vez de “com
a”. A ectlipse ocorre mais na poesia por necessidade métrica: co’os filhos, co’a
luz, em vez de: com os filhos, com a luz. Camões usou muito bem a ectlipse:
“E vós, Tágides, minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Daí-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham inveja às
de Hipocrene” (Lusíadas, Canto I, Estr. 4). (Lisboa, 1ª. Edição, 1572).

4) As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que pertencem a ditongos deste tipo nunca se separam: ai- roso, bei- rões, cadei- ra, chei- rosas, cimei- ra, escrivães, insti- tui, ora- ção, sacris- tães, traves- sões) podem, se a primeira delas não é u precedido de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita: ala- úde, áre- as, ca- apeba (do tupi: ka’a = folha, erva + peua = chato, designação de diversas plantas da família das piperáceas), co-ordenar, do- er, flu- idez, perdo- as. O mesmo se aplica aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes, ou de ditongos vogais: cai- ais, cai- eis, ensai- os, flu- iu.

5) Os diagramas gu e qu, em que o u não se pronuncia, nunca se separam da vogal ou ditongo imediato, ex.: ne- gue, ne- guei, pe- que, pe- quei, do mesmo modo que as combinações gu e qu em que o u se pronuncia: á- gua, ambí- guo, iní- quo, oblí- quo, averi- gueis, longín- quos, lo- -quaz, quais-quer.

6) Na tansliteração de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen, ou mais, se a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: ex- / -alferes, serená-los-emos, couve- / -flor, amá- / -lo, fazê- / -lo, vice- / -almirante etc.

Atenção: Os atuais programas de computador não aceitam essa repetição do hífen na linha seguinte. Mas, com certeza, os técnicos solucionarão esse problema.

lunedì 3 maggio 2010

Perdido entre “tecas”

Perder-se no centro de Roma é o melhor programa casual que encontro aqui. Primeiro você não precisa recorrer ao 113 e nem mesmo a mapas. Andando um pouco mais consegue se localizar, ao encontrar uma igreja, um edifício conhecido, um monumento célebre; depois você descobre casas ou hotéis com placas informando que ali moraram pessoas célebres: W. Goethe (de 1786 a 1788 morou na Via Del Corso), Santo Inácio de Loiola, M. Lutero, Giordano Bruno, São Roberto Belarmino, Dante Alighieri, Torquato Tasso, Loreenzo Bernini, Antonio Canova, Caravaggio, Michelangelo, Raphael... Finalmente, mas não por último, você encontra muitas e muitas "tecas".

A "Cidade Eterna" é um museu a céu aberto. Com um pequeno guia informativo você pode, de graça, fazer interessantes e significativas descobertas. Eu admiro muito as "tecas". Teca é uma palavra grega, théke, (θήκη), que significa: caixa, urna, depósito... A teca grega virou sufixo de muitas palavras portuguesas com o sentido de "depósito", "lugar de guardas um tipo de coisa", ou "coleção de algo".

Assim, é prazeroso encontrar aqui, ao acaso e como por encanto, apotecas, bibliotecas - inclusive multilíngues - carpotecas, cinematecas, discotecas, enotecas, fonotecas, fototecas, gliptotecas, grafotecas, hemerotecas, hoplotecas, iconotecas, litotecas, ludotecas mapotecas, paninotecas, pilotecas, pinacotecas, sonotecas e zitotecas.

Ao entrar num supermercado, você é autônomo, mas é um anônimo. Entrando numa dessas ``tecas``, você é um cliente e tem um atendimento personalizado. Elas em geral são aconchegantes e enchem os nossos olhos. Há as que alimentam e curam o corpo, umas alegram o coração, outras nutrem a mente ou estimulam a fantasia e aguçam a imaginação.
O POVO – Fortaleza, 01 de maio de 2010
Frei Hermínio Bezerra
Frade capuchinho em Roma

giovedì 29 aprile 2010

ACORDO ORTOGRÁFICO: ANO 100

A primeira Reforma da língua portuguesa ocorreu em 1911, sem a participação da Academia Brasileira de Letras, convidada a participar dos trabalhos somente em 17 de janeiro de 1912. O Brasil ratificou este acordo em 1931, apesar de oscilar entre sucessivas adoções e rejeições. Em 10 de agosto de 1945 foi celebrado um novo acordo na tentativa de diminuir as disparidades e evitar um caos ortográfico entre as nações de fala portuguesa. Em 1973 ocorreu a supressão do acento grave em palavras como avozinha e somente. A importância do Acordo Orotgráfico de 1990, que ora entra em vigor, é tornar mais prático e possível o domínio e o ensino da língua portuguesa, fazendo com que o professor e a professora formados estejam conformados e não deformados pelo que está reformado.

Se o rio é a certeza de que existe o lugar geográfico, como bem frisa Manoel Fernandes de Sousa Neto (1996), parafraseando Adélia Prado, pode-se afirmar que a língua é a garantia de que um povo existe. No País Basco, nação que resiste, apesar de inserida em territórios da França e da Espanha, é nacional Euskaldun aquele que fala a língua basca, conforme diz a própria acepção da palavra. Todos nós: angolanos, brasileiros, caboverdianos, guineenses, moçambicanos, portugueses, são tomeenses e timorenses podemos ser considerados uma grande nação, pois estamos consagrando “uma Língua que a todos nos une e que é nossa Pátria, nossa Mátria, nossa Frátria” (GOMES, 2008, p. 43).

O português é uma língua neolatina, novilatina ou românica formada a partir de evoluções históricas. O protoportuguês, do século IX ao século XII; o português histórico, do século XII até hoje; o português-galego, do século XII ao século XV; o português clássico, séculos XVI e XVII, e o pós-clássico, do século XVII até hoje. Língua oficial do Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, o português é falado em dialetos em Macau, China, e em Goa, Damão e Diu, Índia.

A melhor descrição do que é o significado da língua portuguesa pode ser encontrada nos versos do poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918), que aprendi nos bancos escolares do curso primário. A última flor é a língua portuguesa, última das filhas do latim. O termo “inculta” representa os que a maltratam (falando e escrevendo errado), ainda assim, ela continua a ser “bela”:

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! (Olavo Bilac)


O correto é “aquilo que corre ou que se tem dito” (GOMES, 2008, p. 72). São os usos que fazem a língua e que a tornam coerente e facilitam a sua compreensão. As normas e as formas, portanto, existem para facilitar e para evitar disparates como as 288 maneiras diferentes de escrever o nome próprio Hipólito, conservando a mesma pronúncia.

As XXI bases de apoio do acordo estão apresentadas no livro Acordo Ortográfico da língua portuguesa (2009), com exemplos e exercícios que facilitam a compreensão do Acordo. Não se trata de apresentar simplesmente a letra fria da lei ou, no caso, do Acordo, mas de trazer também o máximo de exemplos sobre a sua aplicação e como fica a nova ortografia das palavras para que o entendimento fique gravado na mente do leitor e possa ser consultado sempre que a dúvida surgir.

Ademais das Bases, o livro traz sete suplementos: 1) alfabeto grego, prefixos e termos vernáculos, latinos e gregos; 2) você pode criar palavras; 3) tautogramas e textos; 4) palavras homófonas, homógrafas, homônimas e parônimas; 5) a formação do plural em português; 6) siglas e abreviaturas; 7) palavras que por sua etimologia poderão vir a ser escritas com k, w e y, além de exercícios práticos.

Em breve será lançada a segunda edição, que traz também um anexo com uma extensa lista de palavras que ficarm com dupla grafia após a assinatura do Acordo. O livro pode ser adquirido em Fortaleza na Banca Shopping, Praça Portugal, ou na livraria Publyc, Praça do Carmo.

sabato 24 aprile 2010

NEOLEXIA

A neolexia, do grego neo = novo + lexia, de lexis = palavra é a parte da linguística que trata da criação de palavras. Com o conhecimento aprofundado deste tema você pode tornar-se um neologista ou ser capaz de entender o significado dos neologismos que encontrar em suas leituras. Também conhecida por onomaturgia = trabalho de fazer nomes, a neolexia já era uma atividade raramente encontrável na época de Platão (428-347 a.C) na Grécia.

Para criar palavras é necessário conhecimento dos prefixos vernáculos e dos prefixos e sufixos gregos e latinos, além de conhecer outros termos gregos e elementos de outras línguas. A partir daí você poderá “criar” nomes compreensíveis, lógicos e aceitáveis. Atenção: “criar” e não “inventar”. Um exemplo de neologismo que foi muito bem aceito em todas as línguas é a palavra burocracia = o poder da mesa, criada pelo economista francês Jean-Claude M; Vincent (1712-1759), numa junção da palavra francesa “bureau” = mesa com a palavra grega “cracia” = poder. O burocrata, palavra derivada, senta-se atrás de uma mesa e tome exigências para atender as demandas da população. No Brasil, a burocracia estatal exige até “Atestado de Vida” passado em Cartório em determinadas situações.

Sambódromo e camelódromo são exemplos de neologismos com hibridismos estranhos. Caso você não venha a criar palavras, este exercício é importantíssimo para ajudá-lo a entender os neologismos encontrados. Exemplos: a letra a- colocada diante de certas palavras cria um novo vocábulo, como em acéfalo (a = sem + cefalé = cabeça). No caso de a palavra começar por vogal a partícula privativa a- transforma-se em an-: anaeróbio, composta por na+aero+bio = vibrião que vive sem oxigênio.

Outro exemplo que poderá facilitar o entendimento deste exercício é a palavra cosmonauta (do grego kosmós = universo + naus = navio + a partícula ta), criada pelos russos em 1960; os estadunidenses, por conta da guerra fria, rebateram com a criação da palavra astronauta (do grego áster, astro + nauta); em 1998, ao ingressar a China na corrida pela exploração do espaço, Chiew Lee Yih criou um neologismo para designar um chinês navegando pelo espaço: taikonauta (junção da palavra taikong = espaço em mandarim + a palavra grega e latina nauta.

1. Tente explicar o sentido das palavras em itálico nas seguintes orações e descreva os termos que a compõem:

a) Nas regiões equatoriais é necessário ser heliófugo;
b) As lutas religiosas sugerem a criação de um teódromo;
c) Escravos preferiam a dulocracia dos Quilombos à tiranocracia dos Engenhos;
d) As modelos, quando não sofrem de anorexia, sofrem de magiorexia.
e) O escritor Guimarães Rosa foi um exímio glossoplasta.

2. Dê o significado e diga quais os termos que compõem as palavras:
analfabeto, apatia, anestesia, afasia.

3. Crie uma palavra que descreva uma fobia, mania ou uma atividade profissional (pode ser a sua) ou uma atividade de lazer e diga quais os termos que a compõem.

4. Se possível, explique como foi o seu processo de criação.


Zacharias Bezerra de Oliveira

lunedì 19 aprile 2010

FOBIAS

O texto das manias suscitou muito interesse e uma leitora de Rondônia professora Irlêda Figueredo, logo pediu a relação das fobias... e depois dela dezenas de leitores também pediram essa relação.

A fobia é o contrário da mania e parece mais fácil de entender, mas é igualmente difícil de descobrir o porquê. Segundo o Zelador da Casa da Dinda ex-presidente Collor, (quando morava ali), tinha fobia de teia de aranha. O presidente Janio Quadros provavelmente sofria de alectorofobia, pois em 1960 mandou fechar todas as rinhas do Brasil. Penso que assim explicaria Freud. (Com estericos* as palavras que estão no VOLP/2009).

Atenção: o que chamamos de fobia em alguns casos é só, “forte aversão”, “temor exagerado”...


Ablutofobia* = fobia de lavar as mãos.
Actinofobia = f. de raios.
Afonofobia = f. de perder a voz.
Agorafobia = f. de lugar aberto, praças...
Agrofobia* = f. de campo.
Alectorofobia = f. de galos.
Alfitofobia = f. de comer farinha.
Amaxofobia* = f. de carros.
Ancilofobia* = f. de curvas.
Androfobia* = f. de homens. [Ginecofobia]
Anestesiofobia = f. de anestesia.
Angelofobia= f. de anjo.
Antofobia* = f. de flor.
Apodectafobia = f. do cobrador de impostos, fiscal.
Argirofobia = f. de prata.
Arquetipofobia = f. de moldes, modelos.
Automatofobia = f. de autômatos/autómatos.
Bacteriofobia = f. de baterias.
Batofobia* = f. de profundidade.
Barometrofobia = f. de balança/de pesar-se.
Bdelafobia = f. de sanguessuga/lampreia.
Bibliofobia* = f. de livros.
Brontofobia = f. de trovão.
Butirofobia = f. de manteiga, gordura...
Capnofobia* = f. de fumaça.
Ceratofobia = f. de chifre, e/ou de cera.
Cianofobia = f. da cor azul.
Cinofobia = f. de cachorro.
Citrofobia = f. de ingerir cítricos.
Claustrofobia* = f. de espaço apertado.
Cleptofobia* = f. de roubo, de ser roubado.
Clinofobia* = f. de leito, cama.
Coanofobia = f. de funil, de túnel.
Cocainofobia* = f. de cocaína.
Coreofobia = f. de dança.
Cosmofobia = f. do cosmos, universo...
Criofobia = f. de frio ou de gelados.
Cristalofobia* = f. de cristal, de cristais...
Cromofobia* = f. de cores.
Cronômetrofobia = f. de medir o tempo.
Dacriofobia = f. de lágrimas.
Demofobia* f. do demônio e/ou do povo.
Dendrofobia = f. de árvores.
Diabetofobia = f. de diabete.
Dipsofobia* = f. de abusar da bebida.
Dodecaedrofobia = f. de figuras de 12 lados.
Doxofobia = f. de glória, de louvor.
Ecmofobia* = f. de tocar em objetos pontudos.
Eneagofobia = f. de polígono de 9 lados.
Enofobia* = f. de tomar vinho.
Equidnofobia = f. de víboras.
Equinofobia = f. de cavalos.
Ergofobia* = f. de trabalhar.
Eritrofobia = f. de vermelho
Erotofobia* = f. de erotismo.
Escafofobia = f. de andar de barco.
Escórpiofobia = f. de escorpião.
Eterofobia = f. de consumir éter.
Fagofobia = f. de comer.
Fantasmatofobia = f. de fantasma.
Farmacofobia* = f. de fármacos.
Filomania* = f. de fazer amizades.
Fotofobia* = f. de tirar fotos.
Fraseofobia* = f. de frases rebuscadas.
Galactofobia = f. de ingerir leite.
Gimnofobia* = f. de nu, de nudismo.
Ginecofobia* = f. de mulheres. [Androfobia].
Halofobia = f. de consumir sal.
Heliofobia* = f. de tomar sol.
Hematofobia* = f. de sangue.
Herpetofobia* = f. de réptil e/ou répteis.
Hialofobia* = f. de vidro.
Hidrofobia* = f. de água.
Hierofobia = f. do sagrado.
Hipnofobia* = f. do sono.
Hipofobia = f. de cavalos.
Homofobia* f. de aversão a homossexual/homossexualismo.
Iconofobia* = f. de imagens
Lagenofobia = f. de garrafa
Lagofobia = f. de lebre.
Lalofobia* = f. de falar muito.
Lemofobia* = f. de peste.
Lepadofobia = f. de conchas, búzios.
Letofobia = f. de morte.
Leucofobia = f. de branco, da cor branca.
Lexicofobia = f. de léxico, vocabulário.
Licofobia = f. de lobo, bicho papão...
Lipofobia* = f. de consumir gordura.
Logomaquiofobia = f. de luta verbal, discussão.
Macrofobia = f. de coisas grandes.
Margarofobia = f. de pérolas.
Martirofobia = f. de testemunhar.
Mastofobia = f. de seios.
Mateofobia = f. de discurso abstrato.
Mecanofobia = f. de mecânica.
Melanofobia = f. da cor preta.
Melofobia* = f. de canto.
Metrofobia = f. de medição, medir.
Metalofobia* = f. de tocar em metais.
Micetofobia = f. de cogumelos.
Microfobia* = f. de miniaturas.
Mielofobia = f. de consumir tutano.
Mimofobia = f. de imitação.
Miríadefobia = f. de cifras astronômicas.
Mitofobia* f. de mito, de utopia.
Monofobia* = f. de ficar só, de solidão.
Nanofobia = f. de coisas pequenas.
Narcofobia = f. de narcóticos.
Necrofobia* = f. da morte.
Nectofobia = f. de natação.
Neofobia* = f. de coisas novas.
Nestofobia = f. de jejum.
Nictofobia = f. da noite.
Ninfofobia = f. de ninfas, ninfetas.
Nomofobia = f. da lei.
Nosofobia* = f. de moléstia.
Oclofobia* = f. da populaça, da ralé.
Ocrofobia = f. de amarelo. [Xantomania].
Octofobia = f. do número oito.
Ofidofobia* = f. de cobras, serpentes.
Omofagofobia = f. de comer alimento cru.
Onefobia [oneo...] = f. de fazer compras.
Onirofobia = f. de sonhos.
Opiofobia = f. de ópio.
Opofobia = f. de consumir sucos.
Opsofobia = f. de comer determinado alimento
Orictofobia = f. de fósseis.
Ornitofobia = f. de pássaros.
Orofobia* = f. de montanhas.
Orrofobia = f. de soro.
Ortofobia = f. de linhas retas
Ostracofobia = f. de ostras, búzios...
Paleofobia* = f . de coisas antigas/velhas.
Partenofobia* = f. de mulheres virgens.
Pelofobia = f. de argila, barro, lodo.
Pentagonofobia = f. do Pentágono/polígono de 5 lados.
Pirofobia* = f. de fogo.
Pitecofobia = f. de macacos.
Plagiofobia = f. de plágio.
Plutofobia = f . de riqueza.
Pogonofobia = f. de barba.
Potamofobia* = f. de rios.
Pseudofobia* = f. de falsificação.
Psicrofobia* = f. de frio.
Pterosaurofobia = f. de lagarto alado.
Quenofobia* = f. de gansos.
Querofobia* = f. de alegria, horror à alegria.
Quetofobia = f. de cabeleira.
Quirofobia* = f. de mãos.
Quirurgofobia = f. de médico e de cirurgia.
Rafidofobia = f. de agulhas.
Rodofobia = f. de rosas.
Rombofobia = f. por losangos
Sacarofobia = f. de açúcares, doces...
Sarcofobia = f. de carne.
Saurofobia = f. de lagartos.
Selenofobia = f. da lua, do luar...
Siderofobia = f. de ferro.
Sigilofobia = f. de segredo
Sitiofobia* = f. de alimentos.
Sitofobia = f. de trigo.
Tafofobia* = f. de sepultura.
Talassofobia = f. de mar.
Tanatofobia* = f. de morte.
Taquifobia = f. de pressa, rapidez...
Taurofobia = f. de touros...
Taxifobia = f. de ordem, organização.
Tecafobia = f. de urna, de cofre...
Tecnofobia = f. de técnica, de arte...
Tefrofobia = f. de cinzas, da cor cinza.
Teofobia* = f. de Deus ou de deuses.
Teratofobia = f. de monstros.
Termofobia* = f. de calor.
Tipofobia = f. de publicar trabalhos.
Tireofobia = f. de escudos.
Toxicofobia* = f. de tóxicos.
Tricoptilofobia* f. de tricoptilose, alterar o cabelo¹.
Uranofobia = f. do firmamento, céu.
Xantofobia = f. da cor amarela.
Xenofobia* = f. de estrangeiro.
Xilofobia = f. de madeira.
Zigofobia = f. de par, de coisas pares.
Zitofobia = f. de cerveja, de bebida fermentada.
Zoofobia* = fobia de animais.

1) A palavra “tricoptilofobia”, tem dupla grafia, tricotilogobia, mas tricoptilose é forma única. (VOLP/2009).

domenica 4 aprile 2010

Manias

“Mania é coisa que a gente tem mas não sabe o porquê” (Sérgio Bittencourt).
Na minha coluna, Palavra, lógica e sentido de 05/04 eu falei do etimologia da palavra mania e dei alguns exemplos. Apresento agora uma relação com cerca de uma centena de manias, algumas são reais e outras fictícias ou criadas a partir de um nome. Mas atenção: as fictícias podem vir a ser reais. Cerca de 30 dessas manias estão no VOLP 2009, elas estão assinaladas com um asterisco*.
O contrário da mania é a fobia, que parece mais fácil de entender, porém é igualmente difícil de descobrir o porquê. Segundo uma testemunha o ex-presidente Collor, (quando morava na Casa da Dinda), tinha fobia de teia de aranha. O presidente Janio Quadros provavelmente sofria de alectorofobia, tanto é, que mandou fechar todas as rinhas do Brasil. Assim explicaria Freud. Atenção: o que chamamos de mania em alguns casos é “forte paixão”, “amor exagerado”...

Ablutomania* = mania de lavar as mãos.
Agromania* = m. ou paixão pelas coisas do campo.
Agoramania = m. de praças e de espaços abertos.
Alectotomania = m. por galos.
Alfitomania = m. de comer farinha.
Amaxomania = m. por carros.
Ancilomania = m. por curvas.
Andromania* = m. por homens. [Ginecomania]
Antomania* = m. de flor.
Argiromania = m. de prata.
Bibliomania* = m. de livros.
Capnomania* = m. de fazer fumaça.
Cianomania* = m. por azul.
Cinomania = m. por cachorro.
Citromania = m. de ingerir cítricos.
Clastomania = m. de destruição.
Claustromania = m. de viver enclausurado.
Clinomania* = m. de leito, cama.
Cocainomania* = m. de cocaína.
Coreomania = m. por dança.
Criomania = m. por frio ou gelados.
Cristalomania = m. de cristais
Cromomania = m. por cores.
Dacnomania* = m. mania de morder.
Dodecaedromania = m. por figuras de 12 lados.
Doxomania* = m. de gloria.
Eneagomania = m. por polígono de 9 lados.
Enomania* = m. por vinhos.
Equidinomania = m. por víboras.
Equinomania = m. por cavalos.
Ergomania* = m. de trabalhar.
Eritromania = m. por vermelho
Erotomania* m. de erotismo.
Etimomania = m. de procurar o étimo das palavras.
Facomania = m. por ervilhas.
Fagomania* = m. de comer.
Fantasmatomania* m. de aparição.
Filomania* = m. de fazer amizades.
Fitomania = m. por plantas.
Fraseomania* = m. por frases rebuscadas.
Galactomania = m. por leite.
Gimnomania = m. de nu, de nudismo.
Ginecomania* = m. por mulheres. [Andromania].
Halomania = m. de consumir sal.
Hapaxomania = m. por palavra única.
Heliomania = mania por sol.
Herpetomania = m. por réptil e/ou répteis.
Hipomania* = mania por cavalos.
Histeromania* = mesmo que ninfomania/uteromania
Iconomania* = mania por imagens
Isomania = m. de igualdade.
Lagenomania = m. por garrafa
Lagomania = m. por lebre.
Lalomania* = m. de falar muito
Lepadomania = m. por conchas.
Letomania* = m. de morte.
Leucomania = m. pelo branco.
Lexicomania = m. por léxicos.
Licomania* = m. por lobos.
Lipomania = m. de consumir gordura.
Litomania = m. por pedras.
Logomaquiomania = m. de luta verbal, discussão.
Macromania* = m. por cosias grandes.
Margaromania = m. por pérolas.
Martiromania = m. de testemunhar.
Mastomania = m. por seios.
Mateomania = m. pelo abstrato.
Mecanomania = m. por mecânica.
Melanomania = m. pela cor preta.
Melomania* = m. por canto.
Metromania* = mania de medir/de fazer versos.
Micetomania = m. por cogumelos.
Micromania* = m. por miniaturas
Mielomania = m. de consumir tutano.
Mimomania = m. de imitação.
Miríademania = m. por cifras astronômicas.
Monomania* = m. por cousas únicas.
Nanomania = m. por coisas pequenas.
Narcomania* = m. por narcóticos.
Necromania* = m. de morte
Nectomania = m. de natação.
Neomania = m. de coisas novas.
Nestomania = m. por jejum.
Nictomania = m. pela noite.
Ninfomania* = m. de forte desejo sexual na mulher.
Nomismatomania = m. por moedas. [No¹].
Nomomania = m. por lei.
Ocromania = m. por amarelo. [Xantomania].
Octomania = m. pelo número 8.
Ofidomania = m. por cobras.
Oligomania = m. de pouco (idéias, alimento...)
Omomania = m. de cru (alimento).
Onemania* [oneo...] = m. de comprar.
Oniromania = m. de sonho.
Onomatomania* m. de procurar nomes.
Oomania = m. de consumir ovo.
Opomania = m. de consumir sucos.
Opsomania* = m. de comer em excesso.
Orictomania = m. por fósseis.
Ornitomania* = m. por pássaros.
Oromania = m. por montanhas.
Ortomania = m. por linhas retas
Ostracomania = mania por ostras, búzios...
Paleomania = m. por coisas antigas.
Partenomania = m. de mulheres virgens.
Pelomania = m. por argila, barro, lodo.
Pepomania = m. por melão, melancia...
Piromania* = m. por fogo.
Pitecomania = m. por macacos.
Plagiomania = m. por plágio.
Plessiomania = m. de bater, comprimir, apertar.
Plutomania* = m. de riqueza.
Pogonomania = m. de barba.
Polifagomania = m. de comer muito.
Potamomania = m. por rios.
Pseudomania = m. por falsificação.
Quenomania = m. por gansos.
Queromania* = m. de euforia mórbida.
Quetomania = m. por cabeleira...
Quiromania = m. de masturbação...
Rafidomania = m. por agulhas.
Rodomania = m. por rosas.
Rombomania = m. por losangos
Sacaromania = m. por açúcares, doces...
Sarcomania = m. por carne.
Sauromania = m. por lagartos.
Selenomania = m. pela lua, o luar...
Sicomania = m. por figo (a fruta).
Sideromania = m. por ferro.
Sigilomania = m. de segredo.
Sitiomania* = m. por alimentos.
Sitomania = m. por trigo.
Sofomania* = m. de passar por sábio.
Talassomania = m. pelo mar.
Tanatomania* = m. de morte.
Taquimania = m. de pressa, rapidez...
Taumatomania = m. de milagre.
Tauromania = m. por touros...
Tautomania = m. de repetição...
Taximania = m. de ordem, organização.
Tecamania = m. de urna, de cofre...
Tecnomania = m. de arte...
Tefromania = m. por cinzas.
Teomania* = m. por deuses.
Teratomania = m. por monstros.
Termomania = m. por quentura.
Tifomania* = m. própria do tifo.
Tipomania* = m. de publicar trabalhos.
Tireomania = m. por escudos.
Toxicomania* = m. por tóxicos.
Traquelomania = m. por pescoço.
Tricoptilomania * = m. de arrancar cabelos.
Uranomania = m. pelo firmamento, céu.
Uteromania* = m. de forte desejo sexual na mulher.
Xantomania = m. pela cor amarela.
Xenomania* = m. pelo estrangeiro.
Xilomania = m. por madeira.
Zeomania = m. por fervura.
Zigomania = m.. por coisas pares, por par.
Zitomania = m. de cerveja, bebida fermentada.
Zoomania* = mania por animais.
(Do BLOG: hermínio-bezerra.blogspot.com).
1) A palavra “numismata”, do grego νόμισμα = moeda, etimologicamente deveria ser “nomismata”.

sabato 3 aprile 2010

O Acordo Ortográfico e a acentuação

• Trema: Não se usa mais o trema na letra u, para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que e qui: aguentar, arguir, frequência, tranquilo, lingüiça; mas o trema permanece nas palavras estrangeiras e em suas derivadas: Müller, mülleriano, Hübner, hübneriano, Bündchen.
• Ditongos abertos EI e OI de palavras paroxítonas: Não se usa mais o acento nos ditongos abertos tônicos EI e OI de palavras paroxítonas: ideia, colmeia, apoia, celuloide, mas continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em ÉIS, ÉU(S), ÓI(S): fiéis, papéis, troféu, herói.
• I e U tônicos depois de ditongos em palavras paroxítonas: Não se acentuam mais I e U tônicos que aparecem depois de um ditongo em palavras paroxítonas: baiuca, feiura, mas continuam a ser acentuadas as oxítonas com I e U na posição final depois de um ditongo: Piauí, teiú, tuiuiú.
• Palavras terminadas em EEM e OO(S): Não se usa mais o acento circunflexo: leem, creem, doo, enjoo, voos.
• Não se usa mais o acento diferencial em membros de alguns pares: para, pela, pelo, polo, pera, forma (opcional, para conferir clareza à frase), mas permanece o acento diferencial nos pares: pôde / pode, pôr / por, têm / tem, vêm / vem; derivados de ter e vir (mantém / mantêm, convém / convêm, detém / detêm).
• Presente do indicativo e do subjuntivo de arguir, redarguir: Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas rizotônicas do presente do indicativo e do subjuntivo: arguo, arguis, argui, arguem, argua, arguas, argua, arguam.

Zacharias Bezerra de Oliveira

venerdì 26 marzo 2010

O hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação

A base XVI traduz uma série de situações nas quais se utiliza e não se utiliza o hífen. Abaixo, de forma sucinta, está a mostra do que diz este tópico do Acordo Ortográfico, que pode ser acompanhado com numerosos exemplos no livro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O livro está disponível na Banca Shopping, Praça Portugal, em Fortaleza, ou pelo telefone (85) 3257-9583.

USA-SE O HÍFEN

Nas formações com os prefixos: ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, ultra- etc. e também em formações por recomposição, com elementos autônomos/autónomos ou falsos prefixos de origem grega e latina: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pseudo-, retro-, semi-, tele- etc. somente nos seguintes casos:

a) Quando o segundo elemento começa por h:
b) Nas formações em que o prefixo termina com a mesma vogal com que se inicia o segundo elemento:
c) Nas formações com os prefixos circum-, e pan-, quando o segundo elemento começa com vogal, m ou n (além de h, caso visto na alínea a).
d) Nas formações com circum- e pan-, segundo elemento iniciado por vogal m, n ou h.

circum: circum-adjacente, circum-ambiente, circum-americano, circum-anal, circum-articular, circum-asiático, circum-axial, circum-áxil, circum-escolar, circum-meridiano, circum-mediterrâneo, circum-murado, circum-navegação, circum-natação, circum-oral, circum-orbital, circum-uretral...
pan: pan-africano, pan-americano, pan-árabe, pan-eslavismo, pan-óptico, pan-osteíte, pan-helênico, pan-islâmico, pan-mítico, pan-mixia, pan-negritude, pan-oftalmite, pan-oposição…

Atenção para exceções, nomes em que pan, não é prefixo: Panamá, panapaná, pandear, panifício, panjabi, panléxico, panócio, panorama, panormitana, pancosmismo, pancromático, pandear, pandectista, panglossiano, panleucopenia, panlogismo, panóplia, panqueca, panriar, panromânico, pansofia, pantanal, pantear, panteísmo, panteologia, pantesma, panteísmo, pantodonte, pantofagia, pantofobia, pantografia, pantologia, pantólogo, pantômetro, pantomina, pantomineiro, pantomimice ou pantominice, pantomímico, pantopelágico, pantópode, pantópodo, pantóptero, pantropical, pantufa, pantufada, pantufo, panturra, panturrilha, panurgismo e panzuá.

e) Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando o segundo elemento começa por r.

Atenção: Com “sub” usa-se o hífen 1 )quando o segundo elemento começa por h. Exemplos: sub-hepático... sub-humano (mas escreve-se subumano, nesse caso, humano perde o “h”). 2) quando o segundo elemento começa pela letra b. Exemplos: sub-base, sub-bibliotecária, sub-bloco, sub-bosque... O Acordo nada diz das palavras compostas com o prefixo “sub” quando o segundo elemento começa por “r”. Mas o VOLP e também o Houaiss grafam com hífen: sub-raça... sub-raiano, sub-ramo... subrendimento, subremunerado, subrepassar, subrepticiamente, subreptício, subroda, subrogação, subrogatório, subrogável, subrostrado, subrotina, subrotundo, subsônico. Há os que pretendem deva-se, no caso da letra “r”, usar o hífen por questão de eufonia: sub-raça, sub-ramo, sub-ramal, sub-ramo... sub-refeitoreiro... sub-região... sub-regular... sub-reino, sub-reitor... sub-remunerado, sub-repassar... sub-repção... sub-rogar... sub-rotina... A mesma observação vale para os prefixos latinos: ab (ab-rogabilidade...), ad (ad-rogação... ad-rogar...), ob (ob-rogação...)e sob (sob-roda). E mais, para estes últimos prefixos o VOLP marca: ad-digital (com hífen), mas escreve: addisoniano, addisonismo, addisonista e addisonístico (sem hífen).

f) Nas formações com ex- (estado anterior ou cessamento), sota-, vice-, e vizo-.
g) Nas formações com prefixos tônicos/tónicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte.
h) Os dois prefixos relativamente quase não usados: “ab” e “ob” exigem o hífen em algumas palavras:

ab: ab-reação, ab-reagir... ab-reptício, ab-repto, ab-rogabilidade, ab-rogação, ab-rogador, ab--rogamento, ab-rogar... ab-rogatário, ab-rogativo, ab-rogatório, ab-rogável, ab-rompido, ab- -rupção, ab-ruptado, ab-ruptela, (mas também abrutela), ab-ruptinérveo, ab-ruptipenado, ab- -rupto (mas também abrupto), ab-ruptude...
ob: ob-repção, ob-reptício, ob-ringente, ob-ringenifloro, ob-ringentiforme, ob-rogação, ob- -rogar... ob-rogativo, obrogável...

Atenção: Não se usa hífen em palavras que contêm os prefixos des- e in-, nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, desumanidade, inábil, inabilidade, inumano... A palavra subumano também perdeu o “h” do elemento humano.

NÃO SE UTILIZA O HÍFEN

a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, sendo que essas consoantes são duplicadas: antessacristia, antessala, antessalão, antessentir, antessocrático, ecossistemas...

anti: antirrábico, antirracional, antirracismo, antirracista, antirradiação,

Atenção: Existem palavras em que o “anti”, não é prefixo: antiguano (de Antígua), antiguidade, antiquado, antiquário, antílope, antirrino (planta da família das escrofulariáceas nativa da península ibérica), antipasto (pé métrico da poesia Greco-latina) antiste etc. O Acordo nada diz sobre palavras de origem estrangeira começadas com “s” + consoante. Nestes casos, não há razão para duplicar o “s”. Ex.: antiskate, antiskinhead, antislalom, antislide, antislogan, antislip, antislot, antismog, antismatch, antismoking, antismörgasbord, antisnach-bar, antisnipe, antispam...

Atenção para: surrealismo.

b) Quando o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente.

ortoidrogênio/ortoidrogénio (é uma forma possível, mas se for com “h” tem hífen)...

Atenção: Com prefixos terminados em consoante como: hiper, inter, super... não se usa o hífen quando o segundo elemento começa com vogal: hiperacidez, hiperativo, hiperirritado... interescolar, interestadual, interestudantil... superamigo, superinfecção/ superinfeção, superinteressante, superaquecimento, superexigente, superotimista...

USA-SE O HÍFEN

Nas formações por sufixação usa-se o hífen apenas nas palavras com sufixo de origem tupi-guarani: se o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente:

açu e/ou assu: andá-açu, andirá-açu, cajá-açu, capim-açu, gravatá-açu, ingá-açu, ingá-mirim, jacundá-açu, jará-açu (palmeira), juá-açu, jutaí-açu, manacá-açu, maracujá-açu, tangará-açu, teiú-açu, xué-açu (espécie de sapo)... timbó-açu (árvore), Tomé-Açu (cidade do Pará)... Mas escreve-se numa só palavra, tejuaçu e tejuguaçu.

Exceção para as cidades: Aracatiaçu (CE), Careaçu (MG), Caririaçau (CE), Guapiaçu (SP), Igaraçu (SP), Iguaçu (PR), Ipiaçu (MG); Ipuaçu (SC), Ituaçu (BA), Sapeaçu (BA), Taquaruçu (MG), Turiaçu (MA), Uruaçu (GO).

guaçu: amoré-guaçu, andirá-guaçu, cambará-guaçu, maracanã-guaçu, sabiá-guaçu, tangará- -guaçu, teiú-guaçu, xué-guaçu... Embu-guaçu (SP), ou quando a pronúncia exige a distinção dos dois elementos, como: saíra-guaçu... Faz exceção: nambuguaçu...

Exceção para as cidades: Ibuaçu (CE), Ibuguaçu (CE), Igaraçu (SP), Igarassu (PE), Iguaçu (PR), Ipanguaçu (RN), Ipiaçu (MG), Ipuaçu (SC), Iraguaçu (PE), Itaguaçu (ES), Mandaguaçu (PR), Tanhuaçu (BA), Turiaçu (MA).

mirim: anajá-mirim, cajá-mirim, ingá-mirim, juá-mirim, jupicaí-mirim (erva), japu-mirim, jutaí-mirim (árvore), socó-mirim, tuiu-mirim.

Atenção para as exceções: quatimirim (esquilo florestal), tujumirim (abelha dourada)... E também em nomes de cidade como: Aramirim (MG), Botumirim (MG), Guapimirim (RJ), Ibimirim (PE), Ibuguaçu (CE), Ipaumirim (CE), Ipumirim (SC), Itagimirim (BA), Itaguaçu (ES), Itumirim (MG), Jumirim (SP), Jurumirim (MG), Guaramirim, (SC), Itapemirim (ES), Manhumirim (MG), Paramirim (BA), Parnamirim (RN) e (PE), Peri Mirim (MA) (separado sem hífen), Tarumirim (MG), Umirim (CE) (Provavelmente nem todos sabem que Umirim é = o pequenino, o pequerrucho).

Atenção: Mesmo em nome de cidades existem exceções: Ceará-Mirim (RN), Guajará-Mirim (RO), Itapecuru-Mirim (MA); Moji-Guaçu (SP); Moji-Mirim (SP); Peri-Mirim (MA), Sapucaí-Mirim (MG)... É possível também encontrar alguns desses nomes unidos como, Itapecurumirim, Mojiguaçu ou Mojimirim. A palavra “Moji” vem do tupi e significa “rio das cobras”, não confundir com o prefixo grego “mógi/mógis” que você pode ver no Suplemento I do livro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Atenção: usa-se também o hífen para unir duas ou mais palavras contextualmente combinadas: Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niteroi, a corrida Paris-Dakar, a conexão Amã-Bagdá-Berirute, o eixo Roma-Berlim-Tóquio, o império Austro-Húngaro, a roleta-russa, o salário-base, o salário-família, a segunda-feira, o fator sócio-cultural, o sossega-leão, a vaca-leiteira, Xique-Xique (cidade da Bahia) etc.

Zacharias Bezerra de Oliveira

venerdì 19 marzo 2010

Magri e o neologismo “imexível”

O ex-sindicalista Antônio Rogério Magri, nascido em Guarulhos, São Paulo, a 26 de outubro de 1940, foi ministro do Trabalho durante o governo Fernando Collor de Mello. Magri foi eleito presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo para o período de 1978 a 1990. Em maio de 1989 foi eleito presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT). Essa posição de destaque na CGT e o apoio pessoal durante a campanha, fizeram com que, após a vitória eleitoral, ele fosse chamado a compor a lista de ministros do novo governo. Envolvido nas acusações de corrupção que atingiram todo o entorno de Collor, Magri foi acusado de ter recebido 30 mil dólares. Foi demitido em janeiro de 1992, afastando-se definitivamente da política e do sindicalismo atuante. O principal feito de Magri em sua passagem pelo Ministério, além da pecha de ter sido acusado de receber propina, foi ter criado um neologismo na década de 1990, quando se referiu ao plano Collor (plano econômico do governo Collor) como sendo "imexível".

Embora o ex-ministro Magri tenha sido criticado pelas elites e pela mídia ao dizer que o Plano Collor era “imexível”, sabe-se que esta palavra poderia existir perfeitamente no léxico da língua portuguesa. Veja também outros exemplos de neologismos criados na história e como se dá o processo de criação de novas palavras.

NEOLEXIA

Utilizando sufixos, prefixos e termos gregos e latinos, bem como os elementos de outras línguas, qualquer um pode “criar” novas palavras. A palavra “criar” não deve ser confundida com inventar. Pode-se inventar um neologismo grotesco, ilógico e sem nenhum sentido. Mas o que se propõe é um trabalho intelectual e criterioso de combinação de elementos léxicos, como prefixos e sufixos, dentro de uma lógica que dá sentido à nova palavra criada. A neolexia, do grego neo = novo, + lexia, de lexis = palavra, é uma parte da linguística que trata da criação de palavras. Você pode não se tornar um destacado neologista, mas poderá, com este exercício, passar a melhor compreender neologismos encontrados e a decifrar palavras clássicas de raro uso, à primeira vista, incompreensíveis, mas que podem ser decifradas a partir da separação dos elementos de que se compõem. O que, às vezes, não é tão difícil, mas implica em certo conhecimento e reflexão. A neolexia que também é chamada onomaturgia = trabalho de fazer nomes, é uma atividade antiquíssima. Platão em Crátilo, já faz referência a ela, dizendo ser uma arte cada vez mais raramente encontrável entre os homens.

Palavras criadas por escritores clássicos e modernos

Foram muitos os escritores clássicos e modernos que criaram palavras. Homero, de tão embevecido com o belo amanhecer na Grécia, escreveu: “Quando apareceu a filha da manhã, a Aurora rododáctila...” (Ilíada 1,477 e Odisseia 2,1) et passim. Nesse trecho ele cria o termo “rododáctila”, unindo as palavras: “rodos” = rosa + dáctilo = dedo. Portanto ele antropomorfiza Eo, a deusa da aurora, simbolizando-a na rosada mão aberta, fazendo desaparecer as trevas e trazendo o tom rosáceo, prenúncio da luz de um novo e lindo dia. Artistóteles em sua Retórica (1405 b) usa o termo e faz um acurado comentário sobre a beleza, a correção e a exatidão que o mesmo encerra. A Homero, também é atribuído um neologismo grego surgido no seu tempo, numa obra em forma de paródia intitulada: Batracomiomaquia. Esse termo é a simples junção de três nomes: Batráko+mio+maquia = “Batalha das rãs com os ratos”. A autoria nunca foi provada. É bom saber que o termo “mio” em grego, tem um homônimo que é “músculo”.

O escritor francês, François Rabelais *1494+1553, em Pantagruel, criou o personagem Panúrgio, nome composto de pan = tudo, mais urgio, de ergon = trabalho. O termo tem o sentido de esperto, malino, impossível... Panúrgio comprou caro o carneiro mais velho do rebanho de seu desafeto e ato contínuo, jogou-o no mar. Imediatamente todo o rebanho precipitou-se atrás dele. O inimigo perdeu seu rebanho. Por associação pode-se entender as palavras com mesmo final como: cirurgia, dramaturgia, liturgia, meliturgia, metalurgia. mineralurgia, siderurgia, taumaturgia... O economista francês Jean-Claude M. Vincent *1712+1759, em um momento de luminosa inspiração “criou” a palavra: bureaucratie, que é a união da palavra francesa “bureau” = mesa com a palavra grega “cracia” = poder. Em português transformou-se em “burocracia”. Esta foi uma palavra muito bem aceita em todas as línguas ocidentais , o que demonstra ser este um problema universal. Esta palavra é uma feliz criação, pois retrata exatamente o que a burocracia representa: “o poder da mesa”. O sujeito senta-se atrás de uma mesa e tome ordens, exigências para chatear as pessoas... Aqui entre nós brasileiros esta palavra, às vezes, é também traduzida como “burrocracia”, em uma clara alusão de que seriam medidas tomadas por pessoas com poder, mas pouca inteligência.

No início dos anos 60 os russos criaram a palavra “cosmonauta” (que pela nova grafia pode ser “kosmonauta”, pois vem do grego kosmós = universo). No auge da guerra fria, os americanos, “revidaram” criando a palavra “astronauta”. Hoje as duas palavras são usadas igualmente. Em maio de 1998, quando os chineses começaram a explorar o espaço sideral. O chinês Chiew Lee Yih teve a ideia de “criar” um novo nome para designar “um chinês navegando no espaço”. Ele concebeu a palavra “taikonauta”, que é a junção de “taikong” = espaço em chinês (mandarino) + a palavra grega e também latina, “nauta”. É por isso que um chinês navegando no espaço não é um argonauta, não é um kosmonauta, nem um astronauta, mas sim, um “taikonauta”. E a palavra tem tudo para entrar no uso comum mesmo no ocidente.

O escritor palestino Imil Habibi *1922+1996, em livro publicado em 1974, “criou” o termo “pessotimista” com que designa uma pessoa que está num dilema entre o pessimismo e o otimismo, ou que avaliando a realidade concreta gostaria de ser otimista, mas o pessimismo barra-o a meio caminho. O livro foi traduzido para o espanhol e a palavra “pesoptimista” (em espanhol) bastante discutida e utilizada na década de 1990 na Espanha e em países de língua hispânica. O escritor indiano Jairam Ramesh, em 2005, publicou o livro Making Sense of Chindia, (India Research Press, Bangalore). Ele refere-se a um possível novo país CHINDIA, que seria a fusão da China com a Índia, cujos cidadãos seriam os “chindianos”. Esse país com o “software” da Índia e o “hardware” da China desequilibraria o mercado mundial da informática e periféricos.

Exemplos

01 – Os bebês são galactófagos, já os bisavós, em geral, tendem a ser galactófugos.
02 – Quase toda modelo, quando não sofre de anorexia, sofre de mogiorexia.
03 – Os anacoretas do deserto da Núbia eram austeros oligólogos.
04 – Hoje são muito poucos os países do mundo nos quais ainda existem cinódromos.
05 – A ablutomania é uma prática comum das pessoas escrupulosas para livrar-se da culpa.
06 – O candidato, antes das eleições, é um perfeito demófilo, depois das eleições, nem tanto.
07 – Jânio Quadros, um notório alectorófobo, enquanto presidente, proibiu a alectoromaquia.
08 – Os oncologistas aconselham aos habitantes das regiões equatoriais a serem heliófugos.
09 – A incomensurável filarquia dos ditadores, quase sempre, leva-os a cometer excessos.
10 – A moça era dotada de notável eutaxia, mas as amigas levaram-na a optar pela anarquia.
11 – A televisão promoveu uma verdadeira logomaquia entre os candidatos a presidente.
12 – De notória politopia, como era da família Pontes, apelidaram-no de “Saulo Ponteaérea”.
13 – Na Semana Santa, a perigosa piromaquia é a grande atração de Cruz das Almas (BA).
14 – A luta entre as religiões era tão acirrada, que um ateu sugeriu a criação de um teódromo.
15 – Após a lida diária vem a noite e o sertanejo extasia-se com a bela visão da panselene.
16 - A magreza, forma de beleza imposta pelos estilistas, exige que toda modelo seja lageniforme.

Solução

01 – Galactó, = leite, +fagos =beber; galató, = leite + fugos = que evita, foge.
02 – Anorexia = falta de apetite; mogiorexia = dificuldade para se alimentar.
03 – Oligólogo = de olígos, i. é, pouco + logos = palavra. (Eram silenciosos).
04 – Cinódromo = de cynos, i. é, cachorro + dromo= local de corrida.
05 – A ablutomania é a prática obsessiva de lavar as mãos. Do verbo latino abluere = lavar.
06 – Demófilo, de demos = povo, + filo = amigo.
07 – Alectorófobo, de aléctoro = galo, + fobo = medo; alectoromaquia, maquia = briga.
08 – Heliófugos, de hélios = sol, + fugo, do verbo grego, phugô = fugir.
09 – Filarquia, de phílos = amigo, + arquia de arxé = poder.
10 – Éutaxia, de eu = bem, + taxia = ordem; anarquia, de an = privativo, + arquia = norma, lei...
11 – Logomaquia, logos = palavra, + maquia = combate. (Guerra de palavras).
12 – Politopia, de poli = muitos, múltiplos + topos = lugares. (Que visita muitos países).
13 – Piromaquia, de píro = fogo, + maquía = combate. (Luta com fogos de artifício).
14 – Teódromo, de Téo = Deus, + drômo = lugar de corrida. No caso, corrida dos deuses.
15 – Panselene, de pan = total, + selene = lua. (A visão da lua cheia).
“Criar” palavras
16 - Lageniforme, de lágenos = garrafa, em grego,no sentido figurado = fina, magra.
E essa palavra já está no VOLP 2009. Não é criação minha, só uso e divulgação.

“É preferível ensinar o necessitado a pescar a dar-lhe o peixe já pescado”. Agora, você agora já está preparado para criar suas próprias palavras. Divididos em grupos, façam uma busca de prefixos e sufixos latinos e gregos e, agregando os termos de outras línguas de que muitos são conhecedores, tentem “criar” novos nomes compreensíveis, lógicos e aceitáveis. Sugere-se a realização de uma “tempestade de ideias” (brainstorming) para trazer à luz as palavras que se quer e são viáveis de serem criadas. A participação do professor e de pessoas bem informadas em literatura e em línguas clássicas é importante neste processo de criação. É muito importante a participação de todos no processo de criação. Cada um tem a sua contribuição a dar. Não existe opinião que possa ser considerada boba ou que seja logo descartada. Por isso, solte as amarras, extravase, jogue fora a timidez e dê sua opinião. A hora de falar é no momento da criação, quando se realiza a tempestade de ideias. Caso não esteja conseguindo falar, levante o braço, que o professor (moderador) dar-lhe-á voz. Você também pode realizar esse processo sozinho.

O livro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, disponível em Fortaleza na Banca Shopping, na Praça Portugal, traz uma lista com 66 prefixos e sufixos latinos e gregos e 247 elementos gregos usados nas ciências e nas artes para ajudar no processo de criação de palavras, além de tantos outros exercícios interessantes sobre o Acordo e outros temas referentes ao estudo da nossa língua. O livro também poderá ser pedido por reembolso ou pelo telefone (85) 32579583.

Zacharias Bezerra de Oliveira