venerdì 26 marzo 2010

O hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação

A base XVI traduz uma série de situações nas quais se utiliza e não se utiliza o hífen. Abaixo, de forma sucinta, está a mostra do que diz este tópico do Acordo Ortográfico, que pode ser acompanhado com numerosos exemplos no livro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O livro está disponível na Banca Shopping, Praça Portugal, em Fortaleza, ou pelo telefone (85) 3257-9583.

USA-SE O HÍFEN

Nas formações com os prefixos: ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, ultra- etc. e também em formações por recomposição, com elementos autônomos/autónomos ou falsos prefixos de origem grega e latina: aero-, agro-, arqui-, auto-, bio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pseudo-, retro-, semi-, tele- etc. somente nos seguintes casos:

a) Quando o segundo elemento começa por h:
b) Nas formações em que o prefixo termina com a mesma vogal com que se inicia o segundo elemento:
c) Nas formações com os prefixos circum-, e pan-, quando o segundo elemento começa com vogal, m ou n (além de h, caso visto na alínea a).
d) Nas formações com circum- e pan-, segundo elemento iniciado por vogal m, n ou h.

circum: circum-adjacente, circum-ambiente, circum-americano, circum-anal, circum-articular, circum-asiático, circum-axial, circum-áxil, circum-escolar, circum-meridiano, circum-mediterrâneo, circum-murado, circum-navegação, circum-natação, circum-oral, circum-orbital, circum-uretral...
pan: pan-africano, pan-americano, pan-árabe, pan-eslavismo, pan-óptico, pan-osteíte, pan-helênico, pan-islâmico, pan-mítico, pan-mixia, pan-negritude, pan-oftalmite, pan-oposição…

Atenção para exceções, nomes em que pan, não é prefixo: Panamá, panapaná, pandear, panifício, panjabi, panléxico, panócio, panorama, panormitana, pancosmismo, pancromático, pandear, pandectista, panglossiano, panleucopenia, panlogismo, panóplia, panqueca, panriar, panromânico, pansofia, pantanal, pantear, panteísmo, panteologia, pantesma, panteísmo, pantodonte, pantofagia, pantofobia, pantografia, pantologia, pantólogo, pantômetro, pantomina, pantomineiro, pantomimice ou pantominice, pantomímico, pantopelágico, pantópode, pantópodo, pantóptero, pantropical, pantufa, pantufada, pantufo, panturra, panturrilha, panurgismo e panzuá.

e) Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando o segundo elemento começa por r.

Atenção: Com “sub” usa-se o hífen 1 )quando o segundo elemento começa por h. Exemplos: sub-hepático... sub-humano (mas escreve-se subumano, nesse caso, humano perde o “h”). 2) quando o segundo elemento começa pela letra b. Exemplos: sub-base, sub-bibliotecária, sub-bloco, sub-bosque... O Acordo nada diz das palavras compostas com o prefixo “sub” quando o segundo elemento começa por “r”. Mas o VOLP e também o Houaiss grafam com hífen: sub-raça... sub-raiano, sub-ramo... subrendimento, subremunerado, subrepassar, subrepticiamente, subreptício, subroda, subrogação, subrogatório, subrogável, subrostrado, subrotina, subrotundo, subsônico. Há os que pretendem deva-se, no caso da letra “r”, usar o hífen por questão de eufonia: sub-raça, sub-ramo, sub-ramal, sub-ramo... sub-refeitoreiro... sub-região... sub-regular... sub-reino, sub-reitor... sub-remunerado, sub-repassar... sub-repção... sub-rogar... sub-rotina... A mesma observação vale para os prefixos latinos: ab (ab-rogabilidade...), ad (ad-rogação... ad-rogar...), ob (ob-rogação...)e sob (sob-roda). E mais, para estes últimos prefixos o VOLP marca: ad-digital (com hífen), mas escreve: addisoniano, addisonismo, addisonista e addisonístico (sem hífen).

f) Nas formações com ex- (estado anterior ou cessamento), sota-, vice-, e vizo-.
g) Nas formações com prefixos tônicos/tónicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte.
h) Os dois prefixos relativamente quase não usados: “ab” e “ob” exigem o hífen em algumas palavras:

ab: ab-reação, ab-reagir... ab-reptício, ab-repto, ab-rogabilidade, ab-rogação, ab-rogador, ab--rogamento, ab-rogar... ab-rogatário, ab-rogativo, ab-rogatório, ab-rogável, ab-rompido, ab- -rupção, ab-ruptado, ab-ruptela, (mas também abrutela), ab-ruptinérveo, ab-ruptipenado, ab- -rupto (mas também abrupto), ab-ruptude...
ob: ob-repção, ob-reptício, ob-ringente, ob-ringenifloro, ob-ringentiforme, ob-rogação, ob- -rogar... ob-rogativo, obrogável...

Atenção: Não se usa hífen em palavras que contêm os prefixos des- e in-, nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, desumanidade, inábil, inabilidade, inumano... A palavra subumano também perdeu o “h” do elemento humano.

NÃO SE UTILIZA O HÍFEN

a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, sendo que essas consoantes são duplicadas: antessacristia, antessala, antessalão, antessentir, antessocrático, ecossistemas...

anti: antirrábico, antirracional, antirracismo, antirracista, antirradiação,

Atenção: Existem palavras em que o “anti”, não é prefixo: antiguano (de Antígua), antiguidade, antiquado, antiquário, antílope, antirrino (planta da família das escrofulariáceas nativa da península ibérica), antipasto (pé métrico da poesia Greco-latina) antiste etc. O Acordo nada diz sobre palavras de origem estrangeira começadas com “s” + consoante. Nestes casos, não há razão para duplicar o “s”. Ex.: antiskate, antiskinhead, antislalom, antislide, antislogan, antislip, antislot, antismog, antismatch, antismoking, antismörgasbord, antisnach-bar, antisnipe, antispam...

Atenção para: surrealismo.

b) Quando o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente.

ortoidrogênio/ortoidrogénio (é uma forma possível, mas se for com “h” tem hífen)...

Atenção: Com prefixos terminados em consoante como: hiper, inter, super... não se usa o hífen quando o segundo elemento começa com vogal: hiperacidez, hiperativo, hiperirritado... interescolar, interestadual, interestudantil... superamigo, superinfecção/ superinfeção, superinteressante, superaquecimento, superexigente, superotimista...

USA-SE O HÍFEN

Nas formações por sufixação usa-se o hífen apenas nas palavras com sufixo de origem tupi-guarani: se o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente:

açu e/ou assu: andá-açu, andirá-açu, cajá-açu, capim-açu, gravatá-açu, ingá-açu, ingá-mirim, jacundá-açu, jará-açu (palmeira), juá-açu, jutaí-açu, manacá-açu, maracujá-açu, tangará-açu, teiú-açu, xué-açu (espécie de sapo)... timbó-açu (árvore), Tomé-Açu (cidade do Pará)... Mas escreve-se numa só palavra, tejuaçu e tejuguaçu.

Exceção para as cidades: Aracatiaçu (CE), Careaçu (MG), Caririaçau (CE), Guapiaçu (SP), Igaraçu (SP), Iguaçu (PR), Ipiaçu (MG); Ipuaçu (SC), Ituaçu (BA), Sapeaçu (BA), Taquaruçu (MG), Turiaçu (MA), Uruaçu (GO).

guaçu: amoré-guaçu, andirá-guaçu, cambará-guaçu, maracanã-guaçu, sabiá-guaçu, tangará- -guaçu, teiú-guaçu, xué-guaçu... Embu-guaçu (SP), ou quando a pronúncia exige a distinção dos dois elementos, como: saíra-guaçu... Faz exceção: nambuguaçu...

Exceção para as cidades: Ibuaçu (CE), Ibuguaçu (CE), Igaraçu (SP), Igarassu (PE), Iguaçu (PR), Ipanguaçu (RN), Ipiaçu (MG), Ipuaçu (SC), Iraguaçu (PE), Itaguaçu (ES), Mandaguaçu (PR), Tanhuaçu (BA), Turiaçu (MA).

mirim: anajá-mirim, cajá-mirim, ingá-mirim, juá-mirim, jupicaí-mirim (erva), japu-mirim, jutaí-mirim (árvore), socó-mirim, tuiu-mirim.

Atenção para as exceções: quatimirim (esquilo florestal), tujumirim (abelha dourada)... E também em nomes de cidade como: Aramirim (MG), Botumirim (MG), Guapimirim (RJ), Ibimirim (PE), Ibuguaçu (CE), Ipaumirim (CE), Ipumirim (SC), Itagimirim (BA), Itaguaçu (ES), Itumirim (MG), Jumirim (SP), Jurumirim (MG), Guaramirim, (SC), Itapemirim (ES), Manhumirim (MG), Paramirim (BA), Parnamirim (RN) e (PE), Peri Mirim (MA) (separado sem hífen), Tarumirim (MG), Umirim (CE) (Provavelmente nem todos sabem que Umirim é = o pequenino, o pequerrucho).

Atenção: Mesmo em nome de cidades existem exceções: Ceará-Mirim (RN), Guajará-Mirim (RO), Itapecuru-Mirim (MA); Moji-Guaçu (SP); Moji-Mirim (SP); Peri-Mirim (MA), Sapucaí-Mirim (MG)... É possível também encontrar alguns desses nomes unidos como, Itapecurumirim, Mojiguaçu ou Mojimirim. A palavra “Moji” vem do tupi e significa “rio das cobras”, não confundir com o prefixo grego “mógi/mógis” que você pode ver no Suplemento I do livro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Atenção: usa-se também o hífen para unir duas ou mais palavras contextualmente combinadas: Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niteroi, a corrida Paris-Dakar, a conexão Amã-Bagdá-Berirute, o eixo Roma-Berlim-Tóquio, o império Austro-Húngaro, a roleta-russa, o salário-base, o salário-família, a segunda-feira, o fator sócio-cultural, o sossega-leão, a vaca-leiteira, Xique-Xique (cidade da Bahia) etc.

Zacharias Bezerra de Oliveira

venerdì 19 marzo 2010

Magri e o neologismo “imexível”

O ex-sindicalista Antônio Rogério Magri, nascido em Guarulhos, São Paulo, a 26 de outubro de 1940, foi ministro do Trabalho durante o governo Fernando Collor de Mello. Magri foi eleito presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo para o período de 1978 a 1990. Em maio de 1989 foi eleito presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT). Essa posição de destaque na CGT e o apoio pessoal durante a campanha, fizeram com que, após a vitória eleitoral, ele fosse chamado a compor a lista de ministros do novo governo. Envolvido nas acusações de corrupção que atingiram todo o entorno de Collor, Magri foi acusado de ter recebido 30 mil dólares. Foi demitido em janeiro de 1992, afastando-se definitivamente da política e do sindicalismo atuante. O principal feito de Magri em sua passagem pelo Ministério, além da pecha de ter sido acusado de receber propina, foi ter criado um neologismo na década de 1990, quando se referiu ao plano Collor (plano econômico do governo Collor) como sendo "imexível".

Embora o ex-ministro Magri tenha sido criticado pelas elites e pela mídia ao dizer que o Plano Collor era “imexível”, sabe-se que esta palavra poderia existir perfeitamente no léxico da língua portuguesa. Veja também outros exemplos de neologismos criados na história e como se dá o processo de criação de novas palavras.

NEOLEXIA

Utilizando sufixos, prefixos e termos gregos e latinos, bem como os elementos de outras línguas, qualquer um pode “criar” novas palavras. A palavra “criar” não deve ser confundida com inventar. Pode-se inventar um neologismo grotesco, ilógico e sem nenhum sentido. Mas o que se propõe é um trabalho intelectual e criterioso de combinação de elementos léxicos, como prefixos e sufixos, dentro de uma lógica que dá sentido à nova palavra criada. A neolexia, do grego neo = novo, + lexia, de lexis = palavra, é uma parte da linguística que trata da criação de palavras. Você pode não se tornar um destacado neologista, mas poderá, com este exercício, passar a melhor compreender neologismos encontrados e a decifrar palavras clássicas de raro uso, à primeira vista, incompreensíveis, mas que podem ser decifradas a partir da separação dos elementos de que se compõem. O que, às vezes, não é tão difícil, mas implica em certo conhecimento e reflexão. A neolexia que também é chamada onomaturgia = trabalho de fazer nomes, é uma atividade antiquíssima. Platão em Crátilo, já faz referência a ela, dizendo ser uma arte cada vez mais raramente encontrável entre os homens.

Palavras criadas por escritores clássicos e modernos

Foram muitos os escritores clássicos e modernos que criaram palavras. Homero, de tão embevecido com o belo amanhecer na Grécia, escreveu: “Quando apareceu a filha da manhã, a Aurora rododáctila...” (Ilíada 1,477 e Odisseia 2,1) et passim. Nesse trecho ele cria o termo “rododáctila”, unindo as palavras: “rodos” = rosa + dáctilo = dedo. Portanto ele antropomorfiza Eo, a deusa da aurora, simbolizando-a na rosada mão aberta, fazendo desaparecer as trevas e trazendo o tom rosáceo, prenúncio da luz de um novo e lindo dia. Artistóteles em sua Retórica (1405 b) usa o termo e faz um acurado comentário sobre a beleza, a correção e a exatidão que o mesmo encerra. A Homero, também é atribuído um neologismo grego surgido no seu tempo, numa obra em forma de paródia intitulada: Batracomiomaquia. Esse termo é a simples junção de três nomes: Batráko+mio+maquia = “Batalha das rãs com os ratos”. A autoria nunca foi provada. É bom saber que o termo “mio” em grego, tem um homônimo que é “músculo”.

O escritor francês, François Rabelais *1494+1553, em Pantagruel, criou o personagem Panúrgio, nome composto de pan = tudo, mais urgio, de ergon = trabalho. O termo tem o sentido de esperto, malino, impossível... Panúrgio comprou caro o carneiro mais velho do rebanho de seu desafeto e ato contínuo, jogou-o no mar. Imediatamente todo o rebanho precipitou-se atrás dele. O inimigo perdeu seu rebanho. Por associação pode-se entender as palavras com mesmo final como: cirurgia, dramaturgia, liturgia, meliturgia, metalurgia. mineralurgia, siderurgia, taumaturgia... O economista francês Jean-Claude M. Vincent *1712+1759, em um momento de luminosa inspiração “criou” a palavra: bureaucratie, que é a união da palavra francesa “bureau” = mesa com a palavra grega “cracia” = poder. Em português transformou-se em “burocracia”. Esta foi uma palavra muito bem aceita em todas as línguas ocidentais , o que demonstra ser este um problema universal. Esta palavra é uma feliz criação, pois retrata exatamente o que a burocracia representa: “o poder da mesa”. O sujeito senta-se atrás de uma mesa e tome ordens, exigências para chatear as pessoas... Aqui entre nós brasileiros esta palavra, às vezes, é também traduzida como “burrocracia”, em uma clara alusão de que seriam medidas tomadas por pessoas com poder, mas pouca inteligência.

No início dos anos 60 os russos criaram a palavra “cosmonauta” (que pela nova grafia pode ser “kosmonauta”, pois vem do grego kosmós = universo). No auge da guerra fria, os americanos, “revidaram” criando a palavra “astronauta”. Hoje as duas palavras são usadas igualmente. Em maio de 1998, quando os chineses começaram a explorar o espaço sideral. O chinês Chiew Lee Yih teve a ideia de “criar” um novo nome para designar “um chinês navegando no espaço”. Ele concebeu a palavra “taikonauta”, que é a junção de “taikong” = espaço em chinês (mandarino) + a palavra grega e também latina, “nauta”. É por isso que um chinês navegando no espaço não é um argonauta, não é um kosmonauta, nem um astronauta, mas sim, um “taikonauta”. E a palavra tem tudo para entrar no uso comum mesmo no ocidente.

O escritor palestino Imil Habibi *1922+1996, em livro publicado em 1974, “criou” o termo “pessotimista” com que designa uma pessoa que está num dilema entre o pessimismo e o otimismo, ou que avaliando a realidade concreta gostaria de ser otimista, mas o pessimismo barra-o a meio caminho. O livro foi traduzido para o espanhol e a palavra “pesoptimista” (em espanhol) bastante discutida e utilizada na década de 1990 na Espanha e em países de língua hispânica. O escritor indiano Jairam Ramesh, em 2005, publicou o livro Making Sense of Chindia, (India Research Press, Bangalore). Ele refere-se a um possível novo país CHINDIA, que seria a fusão da China com a Índia, cujos cidadãos seriam os “chindianos”. Esse país com o “software” da Índia e o “hardware” da China desequilibraria o mercado mundial da informática e periféricos.

Exemplos

01 – Os bebês são galactófagos, já os bisavós, em geral, tendem a ser galactófugos.
02 – Quase toda modelo, quando não sofre de anorexia, sofre de mogiorexia.
03 – Os anacoretas do deserto da Núbia eram austeros oligólogos.
04 – Hoje são muito poucos os países do mundo nos quais ainda existem cinódromos.
05 – A ablutomania é uma prática comum das pessoas escrupulosas para livrar-se da culpa.
06 – O candidato, antes das eleições, é um perfeito demófilo, depois das eleições, nem tanto.
07 – Jânio Quadros, um notório alectorófobo, enquanto presidente, proibiu a alectoromaquia.
08 – Os oncologistas aconselham aos habitantes das regiões equatoriais a serem heliófugos.
09 – A incomensurável filarquia dos ditadores, quase sempre, leva-os a cometer excessos.
10 – A moça era dotada de notável eutaxia, mas as amigas levaram-na a optar pela anarquia.
11 – A televisão promoveu uma verdadeira logomaquia entre os candidatos a presidente.
12 – De notória politopia, como era da família Pontes, apelidaram-no de “Saulo Ponteaérea”.
13 – Na Semana Santa, a perigosa piromaquia é a grande atração de Cruz das Almas (BA).
14 – A luta entre as religiões era tão acirrada, que um ateu sugeriu a criação de um teódromo.
15 – Após a lida diária vem a noite e o sertanejo extasia-se com a bela visão da panselene.
16 - A magreza, forma de beleza imposta pelos estilistas, exige que toda modelo seja lageniforme.

Solução

01 – Galactó, = leite, +fagos =beber; galató, = leite + fugos = que evita, foge.
02 – Anorexia = falta de apetite; mogiorexia = dificuldade para se alimentar.
03 – Oligólogo = de olígos, i. é, pouco + logos = palavra. (Eram silenciosos).
04 – Cinódromo = de cynos, i. é, cachorro + dromo= local de corrida.
05 – A ablutomania é a prática obsessiva de lavar as mãos. Do verbo latino abluere = lavar.
06 – Demófilo, de demos = povo, + filo = amigo.
07 – Alectorófobo, de aléctoro = galo, + fobo = medo; alectoromaquia, maquia = briga.
08 – Heliófugos, de hélios = sol, + fugo, do verbo grego, phugô = fugir.
09 – Filarquia, de phílos = amigo, + arquia de arxé = poder.
10 – Éutaxia, de eu = bem, + taxia = ordem; anarquia, de an = privativo, + arquia = norma, lei...
11 – Logomaquia, logos = palavra, + maquia = combate. (Guerra de palavras).
12 – Politopia, de poli = muitos, múltiplos + topos = lugares. (Que visita muitos países).
13 – Piromaquia, de píro = fogo, + maquía = combate. (Luta com fogos de artifício).
14 – Teódromo, de Téo = Deus, + drômo = lugar de corrida. No caso, corrida dos deuses.
15 – Panselene, de pan = total, + selene = lua. (A visão da lua cheia).
“Criar” palavras
16 - Lageniforme, de lágenos = garrafa, em grego,no sentido figurado = fina, magra.
E essa palavra já está no VOLP 2009. Não é criação minha, só uso e divulgação.

“É preferível ensinar o necessitado a pescar a dar-lhe o peixe já pescado”. Agora, você agora já está preparado para criar suas próprias palavras. Divididos em grupos, façam uma busca de prefixos e sufixos latinos e gregos e, agregando os termos de outras línguas de que muitos são conhecedores, tentem “criar” novos nomes compreensíveis, lógicos e aceitáveis. Sugere-se a realização de uma “tempestade de ideias” (brainstorming) para trazer à luz as palavras que se quer e são viáveis de serem criadas. A participação do professor e de pessoas bem informadas em literatura e em línguas clássicas é importante neste processo de criação. É muito importante a participação de todos no processo de criação. Cada um tem a sua contribuição a dar. Não existe opinião que possa ser considerada boba ou que seja logo descartada. Por isso, solte as amarras, extravase, jogue fora a timidez e dê sua opinião. A hora de falar é no momento da criação, quando se realiza a tempestade de ideias. Caso não esteja conseguindo falar, levante o braço, que o professor (moderador) dar-lhe-á voz. Você também pode realizar esse processo sozinho.

O livro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, disponível em Fortaleza na Banca Shopping, na Praça Portugal, traz uma lista com 66 prefixos e sufixos latinos e gregos e 247 elementos gregos usados nas ciências e nas artes para ajudar no processo de criação de palavras, além de tantos outros exercícios interessantes sobre o Acordo e outros temas referentes ao estudo da nossa língua. O livro também poderá ser pedido por reembolso ou pelo telefone (85) 32579583.

Zacharias Bezerra de Oliveira

martedì 9 marzo 2010

Não se usa mais o hífen

Como prometemos na semana passada, hoje falaremos sobre o hífen. Mas, dessa vez, com as palavras que não são usadas com hífen porque deixaram de sê-lo, ou porque nunca foram com hífen; tudo isso, ainda, segundo a Base XV do Acordo Ortográfico. Vamos lá.
Uma boa parte dos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, é grafada aglutinadamente. É o caso da autopromoção, biossatélite, bissemanal e cooperação. Nesta última palavra, aglutinada, verifica-se que não vale a regra que manda separar por hífen palavras compostas cuja letra final do primeiro termo é a mesma do segundo (Base XVI, item 1b).
Desumano, entressafra, fitossanitário, girassol, hidroelétrica, interação, maldito, neoclássico, onipresente, paraquedas, quadrimestre, reassumir, suboficial, turborreator, ultrarreacionário, videoteipe e zoofilia. Atente que algumas palavras, nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, perderam o hífen, sendo essas consoantes duplicadas. (Base XVI, 2a).

Muitos gentílicos têm formação atípica. Alguns exemplos. Quem nasce em:

Ambráquia/Ambrákia (Grécia) é embraquista.
Aname, região do Vietnam, fronteira com a Conchinchina, é anamita.
Artois, norte da França, é artesiano.
Bordeus, França, é bordalês ou bordalense.
Cádis, Espanha, é gaditano.
Caridade, Ceará, é caritense. (Deriva de “caritas” = caridade, em latim).
Chipre, ilha da Grécia, é cipriota.
Corfu/Korfu, ilha da Grécia, é corfiota.
Cita, antiga cidade da Grécia, é citeu.
Coração de Maria (BA) é cordimariano.
Córsega, ilha da França, é corso.
Épiro (Grécia) é epirota.
Flanates, região da Ilíria, hoje Bósnia e Croácia, é flanático.
Freixo de Espada à Cinta, cidade do norte de Portugal, é freixenista.
Jerusalém, Israel, é hierosolimitano.
Macau (Índia) é macaísta.
Madagascar é malgaxe.
Palermo, Sicília, no sul da Itália, é panormitano.
Porto Alegre é portoalegrense.
Rio Acima (MG) é rioacimense.
Rio Azul (PR) é rioazulino/rioazulense.
Rio de Janeiro é fluminense ou carioca.
Rio das Antas (SC) é rioantense.
Rio de Onor, Portugal, é rionorês, que faz o feminino: rionoresa.
Riolândia (SP) é riolandense ou riolandino.
Saboia, nordeste da França, é saboriano.
Salvador (BA) é soteropolitano. Palavra vem do grego, sotér = salvador.
São Luis do Maranhão se chama ludovicense, de Ludovicus = Luis.
São Paulo (Capital) é paulistano.
Santarém, Portugal, é escalabitano, de Escálabis, antigo nome da cidade.
Sardenha é sardo. Ilha faz parte da Itália, mas tem língua própria.
Sibaris (Magna Grécia/Itália) é sibarita.
Três Corações (MG) é tricordiano. É o caso do jogador brasileiro Pelé.
Tristão da Cunha é tristanista.
Tutoia (MA), é tutoiano.
Zanzibar (ilha da Tanzânia) é zanzibarista.

Não se usa mais o hífen nas locuções da preposição “de” com as formas monossilábicas do verbo haver: hei de, hás de, há de, heis de, hão de; nas locuções de qualquer tipo, sejam substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas, conjuncionais ou verbais: pau a pau, pau a pique, ponto e vírgula, rosa dos ventos, toma lá dá cá, por do sol, por de sol...
Substantivas. Duas ou mais palavras funcionam como um substantivo: abraço de paz, bafo de onça, cabeça de bagre, dia a dia, espírito de porco, faz de conta, gota de água, homem de palavra, idas e vindas, jardim de infância, língua de trapos, mãe de santo, nariz de cera, olho de sogra, pai de santo, quadro a quadro, rabo de cavalo, sala de jantar, terra sem lei, unha de gato, vinho de maçã, Zé dos anzóis, xixi de anjo. Atenção para os compostos já consagrados: água-de-colônia/colónia, arco-da-velha, mais-que-perfeito, cor-de-rosa, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa...
Adjetivas. Há na expressão duas ou mais palavras em que a primeira é, em geral, preposição com função de adjetivo: a cântaros, a esmo, a galope...
Pronominais. Quando o conjunto de duas ou mais palavras equivale a um pronome: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja...
Adverbiais. Quando duas ou mais palavras, sendo a primeira preposição, funcionam como advérbio: à baila, à beça, a bel prazer, a calhar, a cântaros...
Prepositivas. Quando se dá a reunião de duas ou mais palavras que funcionam como uma preposição: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de... à cata de, à custa de, a despeito de, à espera de, à maneira de, a modo de, a par de, a ponto de, a poucos passos de...
Conjuncionais. Quando duas ou mais palavras funcionam como uma conjunção: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que...
A partícula “ré” não tem qualquer uso de hífen. A partícula “reto” só tem hífen em reto-romance, reto-românica e reto-romano e a partícula “retro” só tem hífen nas palavras retro-oclusão, retro-ocular, retro-operar, retro-ovárico.

Zacharias Bezerra de Oliveira

sabato 6 marzo 2010

A “mãe” tem “M”
em muitas línguas

Africano/Bôer........ Moeder
Albanês ................. Mëmë
Alemão ................. Mutter
Árabe..................... Ahm
Basco..................... Ama
Bielorusso............. Matka
Bolonhês............... Mèder
Búlgaro................. Majka
Croato................... Mati
Dinamarquês ...... Mor
Eslovaco .............. Matka
Espanhol ............. Madre
Francês ............... Mère
Galês ................... Mam
Genovês...............Moae
Grego* ................Màna
Havaiano ........... Makuahine
Hebraico ........... ’Ēm
Híndi .................. Maji
Holandês ........... Moeder
Iídiche ............... Muter
Indonesiano ..... Mama
Irlandês ............ Máthair
Islandês ............ Móỗir
Italiano ............. Madre
Latim ................ Mater
Napolitano ........ Mamm
Norueguês ........ Madre
Panjabi**........... Mataji
Persa ................. Madr
Polonês ............. Matka
Português ......... Mãe
Rumeno ............ Maica
Russo ................ Mat’
Servo-Croata ... Matka
Suaíli ………....... Mlima
Sueco ................ Morsa
Suíço-Alemão....Mueter
Ucraniano ........ Mati
Urdu*** ........... Ammee

Muitas línguas têm duas palavras, como: mãe e mamãe, optei por colocar só uma palavra.
Cerca de 15 delas têm como segunda palavra mamma, como o italiano madre e mamma.
• Em grego no dialeto ático, mãe é méter e no dialeto jônico, mãe é máter.
• O Panjabi é a língua do Punjab ou Penjab, no norte da Índia e no Paquistão.
• O Urdu é a língua nacional do Paquistão, mas parte do povo fala o panjabi.

martedì 2 marzo 2010

Não trema em cima da linguiça

Continuaremos a falar do hífen para explicar o que aconteceu com o seu uso ou desuso, conforme as novas regras do Acordo. Tendo como parâmetro a Base XV do Acordo Ortográfico, o hífen continua sendo aceito nas palavras compostas sem forma de ligação. Ao redigir um abaixo-assinado procure evitar o baixo-astral. Se você é cabeça-feita não vive por aí ao deus-dará, nem é um enxuga-gelo. Quem é faz-tudo pode esconder no guarda-roupa um homem-morto, ibero-americano, um joão-ninguém. A nossa língua-mãe é muito maltratada. À meia-noite, o novo-rico norte-africano utilizou um verdadeiro objeto-símbolo. E o pai-joão escreveu no quadro-negro: quem rala-coco é um sabe-tudo. O meu tio-avô trabalha na usina-piloto de produção de combustível bioecológico. Enquanto isso, aqui no nosso País, enquanto o presidente viaja e o vice-versa, o zé-povinho se... Bom, é melhor nem falar o que acontece com o canelau.

A Base XV também explica que se emprega o hífen nos topônimos/topónimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão, ou por qualquer forma verbal cujos elementos estejam ligados por artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará; Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Sino-Japonês (relativo à China e ao Japão), Trás-os-Montes, Jônico-ático etc. Também entra nesta lista Guiné-Bissau.

Também cabe hífen em todas as palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, sejam aves ou outros animais, estejam ou não ligadas por preposição ou outro elemento e independente de qualquer outra regra sobre hífen. Nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. Nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem.

Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente vocábulos ou encadeamentos vocabulares. Nas expressões Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, na corrida Paris-Dakar, no percurso Lisboa-Coimbra-Porto, na ligação Angola-Moçambique, no voo Rio-Roma. Nas combinações históricas e nos topônimos/topónimos: Austro-Húngaro, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, na briga Sino-Tibetana, Tóquio-Rio de Janeiro.

Outros casos de palavras que aceitam hífen: a partícula “reto” só tem hífen em reto-romance, reto-românica e reto-romano; a partícula “retro” só tem hífen nas palavras retro-oclusão, retro-ocular, retro-operar, retro-ovárico. Também as locuções que se referem a espécies botânicas e animais serão sempre grafadas com hífen: a língua-de-vaca (erva), o pau-de-arara (árvore), o pau-de-sebo (árvore pequena), o pé-de-galinha (planta), o pé-de-galo (planta) e até mesmo o pé-de-pato (se for árvore), o pé-de-pau (espécie de abelha), o pomo-de-adão (árvore)...

Espera aí! O que tem isso a ver com a linguiça? Nada e tudo ao mesmo tempo. Pode comer linguiça com frequência e pronunciar estas palavras do mesmo jeito. Simplesmente, não trema em cima da linguiça. O trema agora só existe nas palavras estrangeiras e nos nomes próprios que assim estejam registrados. Até a próxima semana, quando continuaremos falando sobre a Base XV. Mas, dessa vez, com as palavras que não se escrevem com hífen.

Zacharias Bezerra de Oliveira

lunedì 1 marzo 2010

Os filhos do 'nauta"

A palavra nauta vem do grego, naútes = navegador. Ela é formada a partir da palavra naũs = nau. Existem pelo menos sete palavras em português com o sufixo nauta. Vamos relembrá-las:

Argonauta – Palavra formada a união de ’Argos+ nauta. Argos é a capital da Argia, região do Peloponeso, na antiga Grécia. Era conhecida como Argos Hippos, pois nos seus campos pastavam ágeis cavalos. Ela era rival de Tebas,mas sempre foi superada pelos tebanos. Os argonautas foram cerca de 50 herois gregos que comandados por Jason, embarcaram na nave Argos, pintada de branco em busca do velo de ouro. A legenda dos argonautas é celebrada na Grécia já antes de Homero. A história guardou alguns desses nomes: Castor e Polux; Orfeu, Teseu, Telamon, Hylas...

Astronauta – Palavra formada de duas palavras gregas, áster, asteros = astro + nauta. Essa palavra foi proposta em 1927, pelo escritor francês J.H.Rosny Ainé *1856†1940, e foi totalmente aceitas pela ciência. Os americanos que iniciaram a corrida espacial atrás dos russos, escolheram essa palavra para designar os tripulantes das suas naves espaciais. Já que em plena guerra fria,os russos tinham escolhido outra palavra nomear os ocupantes de suas naves.

Cibernauta – Palavra formada a partir do termo grego grego Kybernétes = piloto,condutor. A palavra foi proposta em 1958 pelo americano, Norbert Wiener *1894†1964, para designar o usuário do espaço virtual telemático. A palavra ficou muito comum após 1985 com o advento da internet. A partir de sua etimologia e com a reintrodução do “k” em nosso alfabeto, a palavra deveria ser: cybernética.

Cosmonauta – Palavra composta de kósmos = mundo, universo + nauta = navegante. A palavra foi cunhada e escolhida adrede, em 1959, para designar um russo no espaço. Primeiro eles mandaram uma cadela, Laika, depois Yuri Gagarin e mais tarde a primeira cosmonauta, Valentina. Os americanos, pegos de surpresa, logo se organizaram e tiraram a diferença, mas escolheram a palavra astronauta para designar os tripulantes de suas naves.

Internauta – Dos termos inter = entre, + nauta = navegante. A palavra existia na antiguidade para designar um marinheiro que navegava entre outros marinheiros, pois alguns trechos dos mares: Ageu, jônico, Tirreno e mesmo do mediterrâneo e do Adriático tinham intensa navegação. Com o advento da internet a palavra ganhou nova vida e um outro sentido.

Lunauta – Termo cunhado para designar o navegante sideral que chega à lua. A palavra surgiu a partir de julho de 1969. O termo clássico para nomear o habitante da lua deveria ser: Selenântropo.

Taikonauta – Do chinês, taikong = espaço, + nauta = navegante. A partir de 2001 a China entrou com entusiasmo na corrida espacial e em 2003 mandou o primeiro homem ao espaço sideral e o segundo em 2005. O chinês Chiew Lee Yih, criou então a palavra “taikonauta”, para designar os tripulantes de suas naves. Por isso, um chinês no espaço, não é um astronauta, nem é um cosmonauta, mas sim, um “taikonauta”.