martedì 9 marzo 2010

Não se usa mais o hífen

Como prometemos na semana passada, hoje falaremos sobre o hífen. Mas, dessa vez, com as palavras que não são usadas com hífen porque deixaram de sê-lo, ou porque nunca foram com hífen; tudo isso, ainda, segundo a Base XV do Acordo Ortográfico. Vamos lá.
Uma boa parte dos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, é grafada aglutinadamente. É o caso da autopromoção, biossatélite, bissemanal e cooperação. Nesta última palavra, aglutinada, verifica-se que não vale a regra que manda separar por hífen palavras compostas cuja letra final do primeiro termo é a mesma do segundo (Base XVI, item 1b).
Desumano, entressafra, fitossanitário, girassol, hidroelétrica, interação, maldito, neoclássico, onipresente, paraquedas, quadrimestre, reassumir, suboficial, turborreator, ultrarreacionário, videoteipe e zoofilia. Atente que algumas palavras, nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, perderam o hífen, sendo essas consoantes duplicadas. (Base XVI, 2a).

Muitos gentílicos têm formação atípica. Alguns exemplos. Quem nasce em:

Ambráquia/Ambrákia (Grécia) é embraquista.
Aname, região do Vietnam, fronteira com a Conchinchina, é anamita.
Artois, norte da França, é artesiano.
Bordeus, França, é bordalês ou bordalense.
Cádis, Espanha, é gaditano.
Caridade, Ceará, é caritense. (Deriva de “caritas” = caridade, em latim).
Chipre, ilha da Grécia, é cipriota.
Corfu/Korfu, ilha da Grécia, é corfiota.
Cita, antiga cidade da Grécia, é citeu.
Coração de Maria (BA) é cordimariano.
Córsega, ilha da França, é corso.
Épiro (Grécia) é epirota.
Flanates, região da Ilíria, hoje Bósnia e Croácia, é flanático.
Freixo de Espada à Cinta, cidade do norte de Portugal, é freixenista.
Jerusalém, Israel, é hierosolimitano.
Macau (Índia) é macaísta.
Madagascar é malgaxe.
Palermo, Sicília, no sul da Itália, é panormitano.
Porto Alegre é portoalegrense.
Rio Acima (MG) é rioacimense.
Rio Azul (PR) é rioazulino/rioazulense.
Rio de Janeiro é fluminense ou carioca.
Rio das Antas (SC) é rioantense.
Rio de Onor, Portugal, é rionorês, que faz o feminino: rionoresa.
Riolândia (SP) é riolandense ou riolandino.
Saboia, nordeste da França, é saboriano.
Salvador (BA) é soteropolitano. Palavra vem do grego, sotér = salvador.
São Luis do Maranhão se chama ludovicense, de Ludovicus = Luis.
São Paulo (Capital) é paulistano.
Santarém, Portugal, é escalabitano, de Escálabis, antigo nome da cidade.
Sardenha é sardo. Ilha faz parte da Itália, mas tem língua própria.
Sibaris (Magna Grécia/Itália) é sibarita.
Três Corações (MG) é tricordiano. É o caso do jogador brasileiro Pelé.
Tristão da Cunha é tristanista.
Tutoia (MA), é tutoiano.
Zanzibar (ilha da Tanzânia) é zanzibarista.

Não se usa mais o hífen nas locuções da preposição “de” com as formas monossilábicas do verbo haver: hei de, hás de, há de, heis de, hão de; nas locuções de qualquer tipo, sejam substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas, conjuncionais ou verbais: pau a pau, pau a pique, ponto e vírgula, rosa dos ventos, toma lá dá cá, por do sol, por de sol...
Substantivas. Duas ou mais palavras funcionam como um substantivo: abraço de paz, bafo de onça, cabeça de bagre, dia a dia, espírito de porco, faz de conta, gota de água, homem de palavra, idas e vindas, jardim de infância, língua de trapos, mãe de santo, nariz de cera, olho de sogra, pai de santo, quadro a quadro, rabo de cavalo, sala de jantar, terra sem lei, unha de gato, vinho de maçã, Zé dos anzóis, xixi de anjo. Atenção para os compostos já consagrados: água-de-colônia/colónia, arco-da-velha, mais-que-perfeito, cor-de-rosa, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa...
Adjetivas. Há na expressão duas ou mais palavras em que a primeira é, em geral, preposição com função de adjetivo: a cântaros, a esmo, a galope...
Pronominais. Quando o conjunto de duas ou mais palavras equivale a um pronome: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja...
Adverbiais. Quando duas ou mais palavras, sendo a primeira preposição, funcionam como advérbio: à baila, à beça, a bel prazer, a calhar, a cântaros...
Prepositivas. Quando se dá a reunião de duas ou mais palavras que funcionam como uma preposição: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de... à cata de, à custa de, a despeito de, à espera de, à maneira de, a modo de, a par de, a ponto de, a poucos passos de...
Conjuncionais. Quando duas ou mais palavras funcionam como uma conjunção: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que...
A partícula “ré” não tem qualquer uso de hífen. A partícula “reto” só tem hífen em reto-romance, reto-românica e reto-romano e a partícula “retro” só tem hífen nas palavras retro-oclusão, retro-ocular, retro-operar, retro-ovárico.

Zacharias Bezerra de Oliveira

4 commenti:

  1. Frei Hermínio, obrigada por nos informar sobre coisas tão importantes como nossa língua, que tem sido tão maltratada por muitos em textos internet afora. É muito bom saber que tem alguém tão longe como no Vaticano prezando pelo cuidado na escrita de nossa singular língua. Com a mudança de algumas normas, este texto era justamente o que estava procurando para me atualizar. Felicidades!!

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  2. No dicionário Caldas Aulete online eles põem "bel-prazer" com hífen. Desculpe a correção, não quero que pense que estou sendo impertinente ou desautorizando seu texto, muito interessante por sinal, mas é que adoro português e calhou de eu cair nesse texto, por isso decidi lê-lo e confirmar, até para aprender mais, o que diz nele. Sobre a Reforma, achei que a língua ficou mais complicada, digo, eles poderiam ter simplificado mais, há ainda muitas exceções de hífens... acho que a reforma não foi tão abrangente como deveria. E nós - geração já adulta - nos vemos hoje meio que como neoanalfabetos agora, hahaha.

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